Observador de naturezas

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“A alegria de ver e entender é o dom mais perfeito da natureza.”

Albert Einstein

Aprofundar-se na citação de Albert Einstein sobre a alegria de ver e entender como o dom mais perfeito da natureza, nos conduz a uma reflexão mais profunda sobre nossa relação com o mundo ao nosso redor. Este presente inestimável, que Einstein identifica, vai além da mera observação; trata-se de um convite para nos engajarmos em uma jornada de descoberta contínua, onde cada elemento da natureza se torna um mestre, e cada momento, uma lição.

A observação da natureza, nesse caso, não se limita apenas ao mundo natural no sentido estrito, mas se estende à complexidade da natureza humana e às sutilezas das interações sociais. A habilidade de observar sem interferir é uma arte que requer paciência, empatia e uma profunda consciência de si mesmo e do outro.

Colocar essa habilidade em prática, embora pareça simples, é uma forma poderosa de aprendizado e crescimento pessoal e eu percebi isso ainda na infância, através do exercício de observar a minha mãe. Eu gostava de ficar ligado nas expressões faciais dela diante das minhas posturas e também nas dos meus irmãos, pois dessa forma conseguia interpretar se ela estava contente ou zangada, o que me norteava se estava no caminho certo ou precisaria mudar de rota.

Depois fui aperfeiçoando a técnica na escola, observando a reação dos professores e colegas de classe. Gostava de observar tudo e deixar que as pessoas se expressassem primeiro, para depois eu poder perguntar o que queria saber.

Certa vez, em meio a uma aula no colégio Dante Alighieri, levantei a mão para fazer alguma pergunta ao professor e ele não me deu bola. Tomei a atitude precipitada de me levantar diante da classe e começar a imitá-lo para chamar a sua atenção e poder fazer a minha pergunta. Assim que ele percebeu minha brincadeira, rapidamente me convidou a me dirigir até a sala da diretora e compreendi que existe hora certa para fazer perguntas e gracinhas, regra que sigo aplicando até hoje, mesmo com os amigos mais chegados.

E assim, o velho Dante aqui foi se transformando em um observador não só da natureza externa, mas também da natureza humana, que gosta de observar sem interferir. Pessoas, bichos, plantas, rios, montanhas… Quando estou em minha casa de campo, por exemplo, gosto de puxar uma cadeira e ficar observando o movimento dos passarinhos. O ir e vir. O canto. O voo. A batida de asas. A busca pelo alimento. A debandada. O vento.

E posso afirmar sem medo de estar falando bobagem, que a habilidade de observar sem interferir é uma qualidade valiosa que merece ser aprimorada a cada dia, pois traz inúmeros benefícios na vida diária. Ao cultivar a capacidade de simplesmente curtir e aprender com o que está ao meu redor, consigo abrir espaço para novas experiências, descobertas e isso contribui para o meu crescimento pessoal.

A observação passiva me permite absorver informações de maneira mais profunda, sem a necessidade de impor minha opinião ou criar julgamentos sobre o que estou vendo ou sobre quem estou observando. Sim, eu também adoro observar as pessoas ao meu redor.

Quando aprendemos a observar sem interferir, também desenvolvemos uma maior consciência e empatia em relação ao mundo e às pessoas ao nosso redor. Isso nos permite reconhecer a diversidade de perspectivas e experiências que existem, ampliando nossa compreensão e respeito pelas diferenças.

Teve um período da minha vida que eu viajava muito para o exterior para cumprir compromissos profissionais e muitas vezes ficava horas nos aeroportos em função de atrasos dos voos ou esperando conexões. Para muitas pessoas essa seria uma situação estressante, mas no meu caso, aproveitava para ficar observando o ir e vir das pessoas, as roupas que usavam, o corte de cabelo, as expressões faciais, tentava adivinhar de onde eram, para onde estavam indo, a profissão que atuavam e dessa forma o tempo passava sem eu sentir ou me entediar.  

Ao observar sem julgamentos ou interferências, abrimos espaço para a compreensão genuína e para a conexão autêntica, tanto com a natureza quanto com as pessoas. Esta abordagem me permitiu absorver a beleza e a complexidade do mundo e dos seres humanos de maneira mais rica e profunda. Através desta perspectiva, cada elemento, seja um pôr do sol ou uma interação humana, passou a se tornar um convite para explorar e entender as diversas camadas da minha existência.

E foi através dessa postura de abertura e receptividade que consegui verdadeiramente enriquecer minha caminhada e expandir meus horizontes de maneira significativa, sempre descobrindo algum motivo me sentir mais feliz. Afinal, a vida nos dá tantos motivos para sorrir, para sermos felizes, que, na minha opinião, só fica triste e solitário quem não olha para o lado.

Além disso, ao cultivar a habilidade de observar sem interferir, pude melhorar minha capacidade de escuta, tanto em relação ao mundo natural quanto ao humano. A escuta atenta pode revelar nuances e profundidades que frequentemente passam despercebidas, enriquecendo nossa compreensão e ampliando nossa capacidade de empatia e compaixão.

A citação de Einstein e as minhas reflexões em torno dela são um convite para você prestar mais atenção ao que te cerca, não apenas como uma prática de apreciação estética, mas como um caminho para o seu desenvolvimento pessoal e espiritual.

Espero que a busca da alegria de ver e entender vá se tornando uma jornada contínua de novas descobertas para você, onde cada observação, cada momento de conexão, contribua para a construção de um sentido mais profundo de pertencimento e propósito.

Eu recomendo muito!

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