História…aaa…histórias

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“O que a história ensina é que os governos e as pessoas nunca aprendem com a história.”

(Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo e escritor. 1770/1831)

Vou começar a postagem de hoje com uma pergunta: será que a História realmente nos ensina alguma coisa?

Gosto de pensar que a História é aberta e nos ensina a viver. Mas considero um tanto exageradas as afirmações de que conhecendo o passado, entendemos o presente e projetamos o futuro, porque não se reproduz a História no presente e muito menos no futuro.

Afirmo isso até com certa tranquilidade por que caso a História fosse uma fonte valiosa de aprendizados, as pessoas não cometeriam os repetidos erros com tanta frequência na política, na economia, na saúde etc.

Todos nós precisamos ter alguma consciência social do nosso passado, para podermos aprender como surgimos, o que nossos ancestrais faziam, a evolução vivenciada, por que aprendendo sobre o passado, podemos, sim, aprimorar o futuro, afinal, a História é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo.

A História é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A História está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de poder transformar o mundo.

Ao estudar a História nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a História é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete.

Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.

A História não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados, afinal o ser humano é um animal racional, mas muitas vezes não raciocinamos e erramos em coisas bem básicas. E, pior dos mundos, corrigimos o erro e mais à frente erramos de novo, repetindo comportamentos, palavras ou atos que antes já haviam se mostrado inadequados para os objetivos que pretendíamos alcançar.

(Cá entre nós, já perdi a conta de quantas pessoas eu conheço que cometem o mesmo erro durante a vida inteira e nem percebem.)

Mas o que aprendi nas mais de oito décadas já vividas é que todo mundo faz a sua própria história e por tabela temos outros tantos círculos concêntricos de histórias que nos rodeiam: do mundo, do país, da tua empresa, do teu trabalho, da tua vida, dos filhos, dos romances…

Então, para mim, a história é o resultado da vida de uma pessoa, ou de um país, de uma cidade, de um casal. Tem muitas coisas que não alteram comportamentos, mas acrescentam cultura, conhecimento… outras inspiram.

Entendo que a História pode nos trazer cultura, uma melhor compreensão de fatos ocorridos com outras pessoas, outros países… os fatos aprendidos servem para aumentar a nossa bagagem informativa, cultural, ampliar o nosso repertório para conversas, apresentações, participação em reuniões, mas a História não tem o papel de mudar o nosso comportamento.

Os médicos, por exemplo, quando se reúnem em congressos e simpósios o que fazem? Ouvem relatos e histórias de casos de pacientes com determinados sintomas, para avaliarem qual o melhor tratamento que poderá ser prescrito em casos similares que cheguem aos seus consultórios. São ensinamentos específicos que só servem para os médicos, na minha vida por exemplo, não alteraria nada, então esse exemplo valida meu pensamento de que só podemos considerar ensinamento aquilo que podemos aplicar na nossa vida.

Se imaginarmos todos os ensinamentos que aprendemos na vida familiar, escolar, acadêmica e profissional, todos os conteúdos que passaram por nós e não aprendemos quase nada, e lembrarmos das pessoas que nos passaram esses conteúdos, chegaremos à conclusão de como eles, com suas opiniões e posturas foram os grandes agentes de aprendizados que geraram mudanças nas nossas vidas.

Eu acredito que todas as coisas que aprendemos na escola são coisas necessárias para vivermos bem, para nos contextualizarmos e entendermos os fatos históricos. Mas a História não conta o que precisamos saber para viver. Isso nós só aprendemos no decorrer da vida, na caminhada da nossa história.

A História, na realidade, não ensina, ela pontua fatos históricos e seus desfechos. Inspira estratégias.

Então, cabe a nós, filtrarmos o que é e o que não é importante para a nossa vida.

Cada coisa ao seu tempo, com seu valor. Às vezes, uma história não soma nada em um determinado momento de nossa vida e com o passar do tempo pode ser a solução para um problema.

Por isso, cada história é uma história e precisa de uma tomada de decisão específica, que só cabe a quem estiver vivendo aquela situação tomar.

Dante Ramenzoni

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