Orfeu + Florescer + Natureza = Alegria de Viver

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Esse tema de hoje começou a se esboçar quando ganhei uma biografia sobre Carlos Drummond de Andrade de uma amiga e assim que bati os olhos na capa, o título me chamou a atenção: Os sapatos de Orfeu.

Orfeu era um músico, poeta e profeta lendário na mitologia grega e tal e qual Drummond, um observador da natureza. Dizem que quando ele tocava lira, os pássaros paravam para escutar.

Drummond, através de seus versos, exaltava o amor, a vida, a natureza. Eu gosto, por exemplo, da forma como ele escreveu sobre os ipês, neste trecho retirado de seu poema “Tempo de Ipê”.

“Não quero saber de IPM, quero saber de IP.
O M que se acrescentar não será militar,
será de Maravilha.
Estou abençoando a terra pela alegria do ipê.
Mesmo roxo, o ipê me transporta ao círculo da alegria,
onde encontro, dadivoso, o ipê-amarelo.
Este me dá as boas-vindas e apresenta:
– Aqui é o ipê-rosa.
Mais adiante, seu irmão , o ipê-branco.
Entre os ipês de agosto que deveriam ser de outubro
mas tiveram pena de nós e se anteciparam
para que o Rio não sofresse de desamor, tumulto, inflação, mortes.
Sou um homem dissolvido na natureza.
Estou florescendo em todos os ipês. (…)

Eu também sou parecido com o Drummond, floresço nas plantas dos meus jardins e me sinto bem na companhia de todas elas, especialmente se também posso desfrutar da companhia do sol.

Nós brasileiros temos a sorte de viver em um país com excelentes níveis de radiação solar, talvez por isso sejamos conhecidos pelo resto do mundo pela nossa alegria e bom humor.

Imaginem vocês que uma vez fui participar de um campeonato náutico na Dinamarca, na cidade de Skovshowed, a 30 km de Copenhague e no auge do verão, a temperatura máxima por volta do meio-dia não ultrapassava os 12 graus. Quando saíamos para velejar, às 8 da manhã, os organizadores nos ofereciam um vinho do Porto para animar, já que não podíamos contar com o calor e energia do sol.  

Eu preciso de sol, ar livre, natureza, pois são fontes de energia.  Sinto necessidade de ter contato com a natureza, mesmo que seja só para a contemplar de longe, da varanda da minha casa, como já comentei com vocês em outra postagem.

Todos nós precisamos estar mais em contato com a natureza, pois ela é equilibrada e nos inspira a sermos também.

Vocês sabiam que quando uma árvore é cortada, se ela não morrer ela cresce outra vez?

Sabem como eu aprendi isso?

Certa vez, quando eu era vice-presidente do clube de vela Iate Clube Itaupu, localizado em Santo Amaro, uma das garagens dos barcos à vela pegou fogo e na frente desse depósito de barcos tinha um eucalipto de tamanho descomunal que foi atingido pelo fogo.

Vendo a árvore queimada, eu lembrei que já havia acontecido algo parecido na chácara da minha família, meu pai havia cortado e a árvore renasceu, então providenciei para fazermos o mesmo com o eucalipto. E deu certo! Ele nasceu de novo.

Em uma outra passagem, eu fiz a mesma coisa em minha casa de campo, só que com dois pés de pau-ferro, que são árvores excelentes para fazer sombra.

Eles eram praticamente irmãos, mediam cerca de 6 metros e resolvemos cortá-los porque estavam crescendo muito e começaram a sujar o espaço ao redor. Estava certo de que cresceriam novamente e de fato, um voltou a crescer exatamente como eu imaginava que fosse acontecer, mas o outro morreu.

Observando melhor, vi que o motivo de não ter se recuperado foi falta de água. Quando começamos a prestar mais atenção aos detalhes da natureza, nós passamos a nos integrar com ela e eu desde a minha infância gosto bem mais de observar a natureza do que perder tempo com o que não me acrescenta valor.

Por que vocês acham que eu gosto tanto de andar de moto?

Por que fico em contato permanente com a natureza e posso observar novos detalhes entre o nascer e pôr do sol de cada novo dia.

É por isso que não me canso de repetir, quem gosta da natureza tem motivos naturais para ser feliz por que ela é o nosso centro de expansão de vida.

Em tempo: estamos na época em que os ipês florescem e eles têm essa florada tão intensa por que isso só acontece ao final do inverno e dura pouco, cerca de uma semana. Ao fim desse período, as árvores produzem frutos secos, que quando maduros liberam sementes para que surjam novos ipês.

Na verdade, dizem que os ipês florescem com tamanha beleza porque pensam que vão morrer e então dão o melhor de si, no pouco tempo de florescimento que têm, pois acreditam que não haverá outra oportunidade.

Ainda bem que é só um pensamento, que cai por terra na próxima florada.

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