Gentileza gera gentileza

Tempo de leitura: 4 minutos

Quando o ano está terminando, movidas pelo sentimento de confraternização, de melhoria do mundo, as pessoas desejam as coisas mais bonitas do mundo pra gente. Todo ano é assim.

O relógio gira, o dia amanhece, o calendário assinala o dia 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz, e as pessoas seguem gentis, em paz com a vida. Mas, basta chegar o segundo dia do ano e parece que tudo volta ao normal, existe uma espécie de retorno ao lugar comum e as palavras e gestos gentis são guardados na gaveta até o próximo Natal, dando lugar a frases e atitudes que nem sempre transmitem positividade ou cordialidade.

Com o curso da vida, eu aprendi que ser gentil é algo que tem o poder de transformar qualquer situação, por mais delicada que seja, por que quando somos gentis provocamos sorrisos no rosto das pessoas e todos nós precisamos de gestos gentis para que as convivências diárias sejam mais leves, descontraídas e receptivas.

“Você está bem!”, “Muito obrigado pela sua mensagem, pelo seu e-mail!”, “Bom dia, como você está passando?”, “Posso ajudar em alguma coisa?”… Quem não gosta de ouvir essas expressões? Quem não gosta de se sentir bem considerado? Quem não gosta de saber que alguém está interessado no que está se passando com a gente? Como diz a célebre frase do “Profeta Gentileza” José Datrino: “Gentileza gera Gentileza”.

Nestes tempos intolerantes e difíceis que estamos vivendo atualmente no Brasil, entendo que precisamos cada vez mais praticar atos de gentilezas, quem sabe assim criamos uma espécie de contágio saudável nos ambientes. Acredito que um olhar mais compassivo, um sorriso afável e palavras atenciosas, são capazes de desarmar qualquer situação conflituosa.

Sem contar que, consequentemente, a tendência natural é que as pessoas retribuam a forma gentil como as tratamos. É como um efeito dominó: um ato leva ao outro, e de pequena em pequena ação, podemos fazer uma grande diferença.

Pra mim é fácil falar sobre esse assunto por uma razão muito simples, eu comecei a entender que gentileza gerava gentileza ainda criança, em conversas com o meu pai.

Ele me dizia que apesar de termos algumas pessoas com histórico de prepotência na família, eu deveria buscar nunca seguir por esse caminho. E exemplificava, dizendo o quanto era importante evitar o tipo de cena em que alguém expõe um ponto de vista ou um jeito de fazer algo, e o outro interlocutor responde “não quero desse jeito, quero que seja do jeito como eu estou falando!”

Lembro que por volta dos meus 9 anos, eu percebia quando os meus irmãos de vez em quando respondiam mais grosseiramente às orientações da nossa mãe, o quanto ela ficava chateada. Meu pai, às vezes até os defendia, dizendo que tinham que ter o ponto de vista deles, mas eu já sentia dentro de mim que precisaria ser mais gentil e paciente com a minha mãe, mesmo que não concordasse com o que ela queria que eu fizesse naquele momento.

Com o passar do tempo, sempre procurei somar mais traços de gentileza ao meu comportamento e passei a prestar mais atenção em frases e pensamentos sobre o tema, como a do Dalai Lama, em que afirmava que a sua religião era a gentileza.

“A minha religião é muito simples. A minha religião é a gentileza.”

Dalai Lama

Nas tantas situações cotidianas, gosto de me colocar no lugar da outra pessoa, na dor da outra pessoa e tratá-la como eu gostaria de ser tratado. Procuro ouvir as pessoas com paciência e analisar as situações, para não cometer injustiças.

Não é muito fácil, não, mas precisamos exercitar constantemente a empatia. Já ao acordar, procurar ter bons pensamentos, deletar rancores da mente, evitar pré-julgamentos. Conjugar mais o verbo entender, se comunicar respeitando a pessoa que estiver à sua frente.

Essas atitudes ajudam a resolver muitos conflitos e criam mudanças no ambiente familiar, no trabalho e nas relações de amizade.

A gentileza pode transformar uma vida, uma relação, um relacionamento profissional, basta praticar. E como dizia Gandhi: “A gentileza não diminui com o uso. Ela retorna multiplicada.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *