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“Jamais haverá Ano Novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos.”
Essa frase, dita pelo soldado poeta Luís de Camões, é uma reflexão profunda sobre a importância da mudança e da aprendizagem com os erros que vamos cometendo na passagem da nossa vida.
Camões acreditava que a humanidade é capaz de evoluir e melhorar, mas somente se aprender com os erros do passado e não os repetir.
Quando o final de um ano vai se aproximando, eu faço e aconselho que todas as pessoas façam uma avaliação do que deu certo e do que não saiu conforme o idealizado.
Digo isso porque precisamos avaliar os erros velhos para podermos cometer erros novos, porque uma coisa é certa: cometeremos novos erros e a equação erros antigos + erros novos não vai permitir que a conta feche com saldo positivo.
É preciso superar os erros do passado para que os novos não comprometam a realização dos próximos objetivos.
Cometer erros é uma parte natural do processo de aprendizagem e desenvolvimento. No entanto, é importante reconhecer esses erros e fazer mudanças para consertá-los.
O primeiro passo é identificar qual foi o erro cometido e entender o porquê de sua ocorrência. Em seguida, é preciso encontrar uma solução para corrigir o erro e evitar que ele se repita no futuro.
Mudar os erros não só ajuda a evitar problemas futuros, mas também pode ser uma oportunidade para crescer e desenvolver novas habilidades. Ao aprender com nossos erros, podemos melhorar nossa capacidade de tomar decisões e resolver problemas. Portanto, o segredo não é evitar erros, mas sim admiti-los. Aceitar que pegamos trilhas erradas sem vergonha de assumir, mas sim procurar aprender com os erros cometidos, implementando as mudanças necessárias para melhorar.
Para isso vale uma reflexão muito simples: o que eu estou fazendo está dando certo? Se sim, posso seguir em frente tranquilamente. Se não, preciso rever as minhas ações, encontrar os erros e procurar me livrar deles.
Camões morreu em 1580, mas no contexto atual, essa frase segue poderosíssima e pode ser aplicada para diversas situações, desde a vida pessoal até questões globais como a crise ambiental. É necessário que cada um de nós reflita sobre nossas ações e busque mudar aquilo que não está funcionando, para que possamos construir um futuro melhor.
No entanto, é importante lembrar que não basta apenas traçar objetivos, é preciso agir para alcançá-los.
Lembro de uma passagem da minha vida, vivida à época da Fazenda Alvorada, que ilustra bem a importância de se livrar de erros antigos, mesmo que não tenham sido cometidos por nós, pois eles podem atrapalhar a criação de novos cenários compatíveis com os nossos objetivos.
Assim que eu tomei posse da fazenda, localizada no município de Pirajuí, na região de Bauru, em São Paulo, reparei que a natureza estava maltratada, com um déficit considerável de vegetação natural.
O que eu pensei?
“Se quero prosperar e ser feliz nessas terras, preciso trazer de volta a harmonia que a natureza bem-cuidada e bem-nutrida traz para este tipo de cenário.”
Pois bem, em 10 anos eu plantei 5.000 árvores, de espécies oriundas da flora local, vegetação nativa da Serra do Mar, trazendo de volta o cenário natural devastado pelos proprietários que me antecederam.
Com isso aprendi que corrigir erros, mesmo que não tenham sido cometidos por nós, é uma prática importante para harmonizar os cenários que vivemos, pois, esses erros do passado podem afetar o presente e o futuro. Portanto, corrigi-los pode ajudar a evitar problemas difíceis de contornar no futuro.
Além disso, corrigir erros passados é uma ação responsável e ética, que demonstra preocupação com o bem-estar coletivo e com a qualidade das ações realizadas. Ao assumir a responsabilidade de corrigir erros anteriores, estamos contribuindo para a construção de um mundo melhor e mais justo. (No meu caso, contribuí para o reflorestamento natural da região.)
No entanto, é importante lembrar que essa prática não deve ser utilizada como uma forma de culpar ou apontar dedos para outras pessoas. Ao invés disso, devemos buscar soluções colaborativas e construtivas para corrigir os erros e evitar que eles se repitam no futuro.
Sem contar que a sensação de zerar erros, ah, isso não tem preço!
Em tempo: Camões nasceu provavelmente em 1524 e morreu em 1580, em Lisboa. Viveu uma vida plena de aventuras a serviço do reino português, batendo-se contra mouros, beduínos e outros inimigos da coroa. Frequentou a corte de D. João III, onde, conta-se, fazia muito sucesso entre as mulheres. Viajante emérito seguiu para o Marrocos, onde perdeu o olho direito numa batalha contra os mouros. Na costa da Cochinchina, seu navio naufragou e Camões perdeu a companheira Dinamene, mas conseguiu salvar os originais de seu futuramente épico “Os Lusíadas”.