Sem medo de criar ou fracassar

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Quando penso no Dr. Edwin Land, o gênio por trás da Polaroid, imagino as inúmeras noites que passou em seu laboratório antes de concluir: “Um aspecto essencial da criatividade é não ter medo de fracassar”, era o pensamento que o acompanhava todos os dias. Com mais de 500 patentes, Land conhecia bem o sabor agridoce das tentativas frustradas e das descobertas que nasciam desses aparentes fracassos.

Em 1943, impulsionado pela pergunta inocente de sua filha – “Por que não podemos ver a foto agora?” – Land começou a empreitada de criar um mecanismo que possibilitasse a obtenção de fotografias instantâneas.

Quantos experimentos falharam antes do sucesso? Na certa, muitos, mas sua persistência resultou em uma das maiores revoluções fotográficas do século XX.

Aos 86 anos, vejo minha vida empresarial como uma coleção de tentativas, erros e vitórias das quais muito me orgulho. E não se iludam, o medo de fracassar sempre esteve presente, mas aprendi a transformá-lo em um aliado, extraindo lições valiosas mesmo dos planos que desmoronavam.

Há 45 anos, enfrentei um desafio ao precisar adquirir uma máquina alemã especial da Voith, de custo muito elevado. Em vez de uma viagem de demonstração, propus ao fornecedor um período de teste de 90 dias em minha fábrica. Se a máquina cumprisse os objetivos, fecharíamos o negócio; caso contrário, devolveríamos sem ônus. Era uma proposta ousada e inédita no mercado.

Deu certo! Realizamos um negócio que surpreendeu a concorrência. Essa iniciativa criativa nasceu da disposição de negociar sem medo e propor algo diferente, desafiando as convenções do mercado.

O medo do fracasso é como um parente inconveniente em almoços de domingo: é melhor aprender a lidar com ele com bom humor. Foi assim que, aos 77 anos, comecei a escrever minha biografia e, alguns anos depois este blog, não buscando perfeição, mas para compartilhar aprendizados e inspirar outras pessoas.

Como Land, que transformou a frustração de sua filha em inovação, aprendi que cada fracasso traz uma lição valiosa. Cada parágrafo ruim me levava a um melhor, cada crítica me ajudava a aprimorar a escrita.

A vida é um laboratório de criatividade contínua. Alguns experimentos falham, outros surpreendem, mas todos ensinam. O segredo é manter a curiosidade pela vida e o bom humor, mesmo quando o corpo já não coopera tanto.

Quando o medo bater à sua porta, convide-o para um café. Faça dele um parceiro de criação, como Land fez com a frustração de sua filha: use-o como combustível para criar.

A vida é generosa demais para ser vivida com medo e preciosa demais para ser desperdiçada na mediocridade. Crie, invente, arrisque. Faça do fracasso seu professor e da criatividade sua bússola.

Quem sabe aos 90 anos não lanço um best-seller? Ou não. De qualquer forma, terei histórias para contar e a satisfação de, como Land, nunca ter deixado o medo do fracasso superar meu desejo de criar.

Afinal, a vida é como uma foto instantânea: às vezes sai borrada, mas cada momento é único e vale ser celebrado, nem que seja pelo aprendizado. Assim como Land transformou frustração em inovação, aprendi que o medo do fracasso pode ser o combustível para uma vida mais criativa e significativa.

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