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“A alegria evita males e prolonga a vida” – essa frase atemporal do renomado dramaturgo William Shakespeare ressoa através dos séculos, servindo como um lembrete poderoso do papel fundamental que a felicidade desempenha em nossas vidas.
Estudos recentes têm demonstrado uma forte correlação entre a felicidade e a expectativa de vida. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Harvard, por exemplo, acompanhou um grupo de homens por mais de 80 anos e descobriu que aqueles que mantinham uma perspectiva positiva e cultivavam relacionamentos significativos viviam, em média, mais do que aqueles que eram menos felizes.
Outro estudo, publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, analisou dados de mais de 180 países e constatou que a satisfação com a vida estava diretamente associada a uma maior longevidade. Os pesquisadores descobriram que um aumento de um ponto na escala de satisfação com a vida correspondia a um aumento de 1,7% na expectativa de vida.
Como a alegria contribui para uma vida mais longa?
Acredita-se que pessoas mais felizes tendem a adotar comportamentos mais saudáveis, como praticar exercícios regularmente, manter uma dieta equilibrada e evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco. Além disso, a felicidade está associada a menores níveis de estresse e inflamação no corpo, fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas.
A alegria também fortalece o sistema imunológico, tornando as pessoas mais resistentes a doenças e infecções. Um estudo publicado na revista “Psychosomatic Medicine” revelou que pessoas com uma visão mais positiva da vida produziam mais anticorpos em resposta a uma vacina contra a gripe do que aquelas com uma perspectiva mais negativa.
E esses são apenas alguns exemplos de como a ciência tem comprovado a relação intrínseca entre alegria e longevidade, mas uma pesquisa mais apurada vai apontar muitos outros.
Por isso que eu gosto de estar ao lado de pessoas alegres e considero a alegria uma das melhores virtudes do ser humano. Sem contar que quem cultiva a alegria se comunica com maior desenvoltura.
Mas de onde será que vem a alegria?
Na minha opinião ela é um estado de espírito e o sorriso é uma das formas mais genuínas de expressar esse estado.
Mas nem sempre eu fui assim! Quando menino, por volta dos 5/6 anos, minhas tias costumavam me chamar de “Magrão velho” – isso porque eu era muito sério e ria bem menos do que os meus irmãos. Elas diziam “você pensa muito, presta muita atenção ao que as pessoas falam”. O que elas não sabiam é que eu ficava mais contido por que sentia constantes dores de barriga, que só foram saradas quando operei o apêndice aos 7 anos. Depois disso, comecei a me soltar, continuei ligado no que os mais velhos falavam, queria entender tudo, mas com um sorriso nos lábios.
Sou um pensador. Gosto de analisar o sentido das conversas e tirar o melhor proveito possível. Aprender! Gosto também de cultivar minha alegria interior, me recolher para trazê-la de volta quando ela se esconde. A alegria interior equilibrada afasta as pessoas negativas. E como têm pessoas negativas nesse mundo! Conheço várias que já acordam sérias, pensativas e muitas vezes ficam pessimistas por motivos imaginários que nem sabem se de fato vão acontecer.
Perto de meu aniversário de 80 anos, queria reunir o maior número de amigos, mesmo aqueles que já não via há mais de meio século. Vocês acreditam que em meio a tantas pessoas felizes, um desses conseguiu se destacar em duas fotos com a cara tão fechada, que nem fiz questão de colocar no álbum que mandei editar e também risquei seu telefone da minha lista de contatos.
Como percebi que a alegria só me fazia bem? Eu fui descobrindo aos poucos, principalmente depois que comecei a criar relações de amizade no ciclo escolar. Fui notando que quanto mais eu era receptivo com as pessoas, elas retribuíam na mesma moeda. Dessa forma, comecei a expandir o meu ciclo de amizades com os colegas da minha idade e também com os professores. Saíamos para jantar e até chegamos a fazer duas viagens bem bacanas. Uma para Campos do Jordão e outra para a região dos Lagos, no Rio de Janeiro, onde ficamos deslumbrados com tantas belezas naturais.
Depois, eu espelhei esse comportamento para expandir meu ciclo de relacionamentos profissionais e de negócios e assim a minha jornada de vida foi se completando com muitas cenas felizes, inesquecíveis, repletas de alegria e também de resiliência.
Aos 85 anos, sigo pensando que nunca é tarde para abraçar a felicidade e colher seus frutos. Que sempre podemos buscar um amigo, uma história, uma situação, um detalhe que nos inspire a cultivar a alegria em nossas próprias vidas, enfrentando os desafios com um sorriso no rosto e um coração leve.
Afinal, a alegria não é apenas um sentimento passageiro, mas uma escolha diária que tem o poder de transformar nossa existência. Portanto, vamos nos comprometer a buscar a felicidade em cada novo momento, buscando a companhia de pessoas alegres, sabendo que, ao fazê-lo, estamos não apenas evitando males, mas também pavimentando o caminho para uma vida mais longa, significativa e gratificante.
Vamos viver a vida com mais alegria e animação, minha gente!
Como dizia o grande poeta Vinicius de Moraes, “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração…”
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