Tempo de leitura: 5 minutos

Voltaire, com sua reconhecida sagacidade, certa vez disse que “o sucesso foi sempre a criação da ousadia”. Já havia refletido muito sobre essa frase, mas naquela manhã, ela veio forte na minha cabeça enquanto me preparava para um dos dias mais significativos da minha vida, aquele em que finalmente colocaria em prática um sonho longamente acalentado: a compra de uma fazenda para criar gado. Olhei pela janela e vi o céu limpo, como se o universo estivesse me dando um sinal. Não havia apenas a ousadia de começar algo novo, mas uma determinação pulsante de acertar em cada passo.
Confesso que discordo parcialmente do filósofo francês. A ousadia é fundamental, sim, mas sozinha não leva ninguém muito longe. Enquanto observava aquele céu colorido de azul, percebia que meu caminho até ali havia sido pavimentado por muito mais que apenas audácia.
Coragem e ousadia, duas palavras que sempre andaram juntas na minha cabeça, mas que, naquele momento, pareciam ter significados distintos. A coragem me fazia levantar da cama, enfrentar o desconhecido e assinar aqueles papéis. Era o impulso que me tirava da zona de conforto. Já a ousadia, ah, essa era mais profunda. Era o desejo de transformar a fazenda em uma referência no cenário agro brasileiro, um celeiro de criação de gado da mais alta qualidade e diferenciação no mercado. E também em um lugar onde as pessoas que nos visitassem pudessem se reconectar com a natureza e com elas mesmas.

Voltaire estava certo sobre a ousadia ser criadora – ela nos permite imaginar horizontes que ainda não existem. Mas entre a criação mental e a concretização física, há um abismo que só se atravessa com outros companheiros de jornada.
Com a coragem pulsando nas veias, fui em frente. A determinação se tornou minha companheira inseparável. Cada obstáculo que surgia parecia um teste, uma forma de me lembrar que o sucesso não viria fácil. Afinal, eu não estava apenas comprando uma fazenda; estava investindo em um sonho.
E foi nesse sonho que minha esposa, Cidinha, se tornou uma parceira fundamental. Juntos, decidimos que a criação de gado Guzerá seria o nosso foco. A beleza e a força dessa raça de gado nos encantaram, e a ideia de criar um rebanho saudável e produtivo nos encheu de entusiasmo. Cidinha, com seu olhar atento e sua sabedoria, trouxe uma nova perspectiva para o negócio. Ela não apenas sonhou comigo, mas se envolveu em cada detalhe, da decoração da fazenda à escolha dos animais e também na gestão do negócio.

Se pudesse completar a frase de Voltaire, diria que “o sucesso foi sempre a criação da ousadia… nutrida pelo conhecimento”. O conhecimento foi a chave que abriu as portas para o que realmente queríamos. Mergulhei em livros sobre criação de gado, gestão de agronegócio e comercialização de gado. Aprendi que o saber é um terreno fértil, onde as ideias podem germinar e florescer. Cada nova informação era uma semente plantada, e eu estava ansioso para ver o que brotaria.
Mas não parou por aí. Para dar vida ao nosso sonho, buscamos a ajuda de uma agência de comunicação que se tornou uma aliada valiosa. Eles nos ajudaram a posicionar o negócio no mercado, a contar nossa história e a conectar-nos com pessoas que compartilhavam da mesma paixão.
Um dos momentos mais marcantes foi quando discutimos o nome da marca. Eu estava inseguro, pensando em usar apenas meu primeiro nome, Dante. Mas a equipe da agência me incentivou a colocar meu sobrenome, Ramenzoni, e isso fez toda a diferença. O nome agora carregava não apenas a minha identidade, mas também a história da minha família e o legado que eu queria construir.
A presença no Canal do Boi foi um divisor de águas. Ver nossa fazenda e nosso rebanho sendo apresentados para um público tão amplo foi uma experiência indescritível. A cada exibição, sentíamos que estávamos não apenas promovendo nosso trabalho, mas também inspirando outros a seguir seus próprios sonhos.
E então, chegou o momento que revelou a fragilidade da máxima de Voltaire: a capacidade de execução. Ter coragem, ousadia, determinação e conhecimento era uma coisa; colocá-los em prática era outra completamente diferente. Quantos empreendimentos ousados não se perderam no caminho entre a concepção e a realização? Quantos sonhos ficaram apenas no papel por falta desse quinto elemento essencial?
Com foco total no sucesso do novo negócio e o coração cheio de esperança, começamos a transformar aquele espaço. A fazenda não era apenas um pedaço de terra; era um reflexo de nós mesmos, das nossas lutas e conquistas, e de como Cidinha e eu estávamos construindo algo valioso para nós e para quem serviríamos.
Olhando para trás, vejo que Voltaire captou apenas uma parte da verdade. A ousadia é, sem dúvida, uma criadora poderosa – ela nos permite visualizar o que outros não veem, sonhar com o que parece impossível. Mas, ela é apenas o primeiro degrau de uma escada maior.
Agora, ao contemplar tudo o que construímos, percebo que esses cinco elementos – coragem, ousadia, determinação, conhecimento e capacidade de execução – não são apenas para projetos grandiosos como uma fazenda. Eles são essenciais em cada um de nós, nas pequenas e grandes decisões da vida.
Então, convido você a refletir, talvez até a discordar de Voltaire como eu: onde está a sua coragem? Qual é a sua ousadia? Que determinação você precisa cultivar? Que conhecimento pode buscar um pouco mais antes de colocar um novo projeto em prática? E, acima de tudo, como você pode executar seus sonhos?
Afinal, todos nós temos uma fazenda a cuidar, seja ela um projeto, um amor ou um desejo. A ousadia pode ser a criadora do sucesso, mas são os outros elementos que transformam essa criação em realidade.
Busque sempre realizar o que realmente tenha valor para você!
