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Sou daqueles que pensa que para gostar de viver precisamos aprender a gostar de nós mesmos, respeitando o nosso jeito de ser e agir. Penso também que é um assunto que pouca gente dá o devido valor, no verdadeiro sentido que precisa ser analisado, mas nunca é tarde para começar.
Para saber se uma pessoa gosta de viver basta prestar atenção em como se comporta. Normalmente, quem aprecia a vida gosta de estudar, dançar, conversar, comer bem, ler, pesquisar o que não sabe ou precisa aprimorar, observar tudo ao seu redor, trocar ideias; são pessoas animadas, curiosas, que começam algo e terminam, sabem remover as pedras do caminho porque são dotadas de paciência e entusiasmo. Ah, e essas pessoas gostam de ficar na própria companhia, mesmo que seja para não fazer nada e apenas descansar. Elas apreciam estar com elas mesmas com a mesma intensidade que gostam de estar na companhia das pessoas com as quais se sente bem.
Se a pessoa não gosta de si mesma, normalmente ela não gosta de nada, porque ela vai projetando a nebulosidade que existe dentro dela. E não é o mundo que tem aspectos agradáveis ou medonhos, somos nós que o enxergamos de uma forma ou de outra.
Se você não se gosta, tudo o que tem a ver com você se torna enfadonho, chato e você tende a não valorizar nada e nem ninguém. E aí você se anima e desanima em segundos e enxerga uma realidade mais cinza do que realmente ela se apresenta.
Eu aprendi a prestar mais atenção a tudo isso e fazer minhas reflexões sobre a importância de valorizar cada vez mais o meu viver nos 10 anos em que fiz terapia. Isso foi há 30 e poucos anos e eu não estava com nenhum problema de saúde, mas querendo realinhar os pensamentos e os quereres.
Minha terapeuta sempre me disse que eu era um sujeito muito forte e que conseguia sair das minhas breves crises de depressão com a minha própria determinação e vontade. Ela estava certa.
Eu aprendi a entender e saber separar tempo de trabalhar, tempo de estar em movimento e tempo para relaxar, estar bem comigo mesmo, limpar a mente e me sentir descansado. E posso garantir que isso é muito importante para acharmos graça na vida.
E hoje em dia com todo esse acúmulo de informações novas que nos circundam todos os dias, estamos cada vez mais suscetíveis a estourarmos a nossa capacidade mental de assimilação e maturação de tantos conteúdos. São inúmeras mudanças globais e locais, que não adianta, temos que criar o nosso tempo de descansar e nos prepararmos mental e fisicamente para o novo bombardeio diário de fatos novos e inusitados que precisaremos entender, concordar ou discordar e tantas vezes, precisaremos mudar alguma forma de pensar ou agir, para nos mantermos conectados com a realidade, sem tanto estresse E para isso, insisto, precisamos aprender a dar pequenas pausas diárias para mantermos elevado o nosso índice de gostar de viver, para conhecermos os nossos limites.
Os meus limites já mudaram muito desde que comecei a me entender como um homem que precisaria dar conta da própria vida e isso aconteceu no momento em que decidi estudar fora do Brasil, há 64 anos, quando estava no auge da minha adolescência. Percebi que seria fundamental me preparar para atender os anseios de meu pai que já contava com a minha ajuda para administrar a fábrica e os demais negócios da família. Precisaria gostar de fazer essas atividades e por isso resolvi me especializar, adquirir conhecimento para fazer bem feito, obter bons resultados e ter orgulho do meu trabalho, algo vital para levar a vida numa boa.
Conviver com novas culturas, conhecer pessoas de várias partes do mundo contribuíram para expandir a minha visão de mundo e da vida, e também para que desde cedo prestasse atenção em mim. Assim entendi que precisaria estar de bem comigo e com a vida para encontrar beleza em viver. E encontrei!
(Beleza é algo que quem procura acha… e no próximo post vou falar sobre isso. Até lá!)