Para não dizer que não falei sobre a greve dos caminhoneiros

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Em primeiro lugar quero deixar registrado que fui totalmente favorável à greve dos caminhoneiros (a bem da verdade, não precisava ser tão extensa!) porque eles estavam solicitando audiências com o governo há mais de seis meses, na verdade eles vinham se queixando com os variados presidentes que passaram por Brasília, de Fernando Henrique a Temer, mas suas vozes não encontraram eco.

O que aconteceu?

Eles ficaram reivindicando ao léu, ninguém quis ouvir, entender, encontrar uma solução, na verdade não deram a menor atenção ao fato e eles foram à luta, ou melhor, às estradas. Afinal tudo tem limites e os governos precisam entender, captar o momento certo quando é chegada a hora de ceder.

Vale registrar também que eu concordei com o Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras, quando ele, logo no início da negociação, em meio à turbulência de uma greve que contava com altos índices de aderência da população brasileira, declarou que precisava recuperar a saúde da empresa, afinal, cá entre nós, ela foi completamente detonada pela gestão petista. Só que, ele foi muito duro com suas palavras e errou ao deixar nítido que estava pensando em primeiro plano apenas na empresa.

Ora bolas, precisava ser mais político, tinha que fazer valer o verdadeiro sentido de uma palavra que está muito em moda, e cujo significado se aplicaria muito bem à situação: o sentimento de empatia pela população brasileira, se colocar no lugar das pessoas, sentir o que estão sentindo, porque só a partir da empatia poderiam se originar atitudes compassivas, ações humanitárias que conseguiriam expressar o sentimento pelo que o outro sente.

13 milhões de desempregados, precisa falar mais alguma coisa?

O povo brasileiro está numa situação difícil.

O que eu pessoalmente acho é que nós temos, infelizmente, um governo muito fraco, que não teve tato e nem jogo de cintura para resolver essa crise com os caminhoneiros; e olha que eu sempre defendi que a governança do Temer era a melhor coisa a ser feita em 2016 e continuo achando que sua equipe tem se esforçado em fazer o que precisa ser feito, mesmo sem contar com o apoio da Câmara e do Senado.

Mas nesse caso, se eu fosse o Presidente da República (coisa que eu não acho que tenho capacidade!), eu teria resolvido logo no primeiro dia: alinharia x% de desconto no preço do diesel para acalmar os ânimos e depois iríamos resolver todas as outras pendências.

O país não teria passado por todo esse baque, que chegou num péssimo momento (ano eleitoral, país quebrado) e o povo tendo que segurar a pior parte que é tocar a vida que já não está fácil pra ninguém, acrescida de mais tantas outras adversidades.

5 dias de tentativas estapafúrdias, com propostas vergonhosas num primeiro momento, sem considerar todo o mal-estar que estava se instaurando no país, aumentando ainda mais a desconfiança na palavra dos dirigentes da nação, que se mostraram inseguros e incompetentes para negociar em climas alterados.

Teve um dia, em que eu estava a caminho da Papirus e ouvi uma declaração do presidente do Sindicato Brasileiro dos Caminhoneiros no rádio em que dizia que “nós queremos ver as propostas no papel, assinadas…” – por que ele disse isso? Porque estão sendo enrolados há mais de 20 anos.

Como um Brasil sem ferrovias/hidrovias vai se abastecer sem caminhões?

O Brasil está precisando de políticos que respeitem o povo brasileiro.

Em contrapartida, eu entendo que a partir do momento que foi assinado um acordo, precisa ter uma trégua. Se daqui a 30 dias o que foi assinado deixar de ser cumprido, que venha uma nova greve.

Como empresário do segmento industrial, eu já passei por essa situação de negociar diretamente com os sindicalistas, “n” vezes, e posso dizer com propriedade que faltou ao governo vontade de solucionar o problema, poderiam ter sido muito mais ágeis.

O cenário era de 1 milhão de caminhões parados!

Desgoverno total, tipo automóvel no barro. Vira, vira a roda e não anda pra frente.

Um atraso de vida para todos, principalmente para as indústrias que entraram em estágio de “quase parando” – utilizando as raspas do que possuíam de matéria prima em estoque, porque o governo não levou fé que a greve teria a maciça adesão que teve.

Sempre segui a máxima de que é melhor um acordo que não contemple tudo, do que boas demandas que não vão se realizar nunca.

Não adianta esperar a situação perfeita, como fazemos há séculos. Aquele momento em que todos os interesses vão se combinar e todos os problemas serão resolvidos.

Vou dizer um negócio: esse dia não vai chegar nunca.

Quando tive que lidar diretamente com possibilidades reais de greve (e isso aconteceu desde os meus 25 anos de idade, quando já era o responsável pelos problemas de greve da nossa empresa), eu sempre tratei de identificar a liderança dos movimentos e ia negociar diretamente com eles. Chegava dirigindo o meu próprio carro, estacionava e já descia do carro perguntando “quem são os responsáveis pelo sindicato dos trabalhadores?”.

Agilidade total!

E no primeiro dia, o presidente da república já tinha que ter chamado as pessoas certas para resolver o problema e cumprir o ajustado.

O governo é que é o responsável pelo Brasil, não o Pedro Parente. Volto a dizer, essa competência era do Temer.

Pedro Parente era o responsável pela Petrobras e não resolveu coisíssima nenhuma, botou foi mais fogo na fogueira de vaidades, do alto de suas prepotentes palavras dirigidas à população brasileira, que não merecia mais essa patacoada.

E agora, que estamos em momento de alinhamento de negociação, precisamos batalhar para diminuir o custo dos fretes, que caminham para a casa dos 55% de encargos tributários. Isso mesmo que vocês leram, 55% de impostos!

Ou a gente aproveita as raras janelas de bom senso e cria uma revolução que inicie a mudança do país, ou vamos continuar sentadinhos assistindo a essa “descida de ladeira” por que passa o Brasil, em função de pura incompetência e ganância desenfreada dos governantes.

,Vamos ver o que vai acontecer nesses próximos 30 dias…

Governo que se diz governo vai ter que fazer valer seu próprio slogan: ordem e progresso!

 

 

 

 

 

 

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