Líderes que me inspiraram na minha jornada corporativa

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A minha maior fonte de inspiração e formação empresarial foi o meu pai, Ziro Ramenzoni. Ele sempre me deu o Norte de como me comportar nos negócios, mostrando através da prática o valor da honestidade e o respeito que precisamos ter pelos clientes e concorrentes.

O segundo foi o tio Ibsen Ramenzoni, que sempre me dizia, “você precisa ser esperto, mas tem que ser sério e transparente com os clientes, caso contrário você não vai conseguir seguir adiante como um empresário bem-sucedido e respeitado. Com ele também aprendi que não deveria nunca gastar mais do que as minhas entradas financeiras.

O terceiro líder que lembro com muita estima se chamava Mino Salvi e foi também o meu padrinho de Crisma. Ele era vice-presidente do Banco Ítalo-Brasileiro, morava próximo da casa dos meus pais e estava sempre por perto me ensinando muitas coisas. (Inclusive que não devia usar meias brancas com terno!)

Passei a minha adolescência (meados dos anos 50) ouvindo-o tocar piano junto à minha irmã e na sequência sempre conversávamos animadamente e ele aproveitava para me passar dicas de negócios, estratégias do mercado financeiro e orientações sobre investimentos durante animadas rodadas de drinques com os meus pais. Mino era um banqueiro bem antenado com as tendências vigentes à época e de muito bom gosto artístico!

Lembro-me perfeitamente que naquela época íamos assistir companhias teatrais italianas que vinham se apresentar em São Paulo patrocinadas por empresas da mesma nacionalidade atuantes aqui no Brasil, entre elas o banco dirigido pelo meu dindo e eu curtia muito sentar na primeira fila para aplaudir as peças encenadas.

Numa dessas turnês, nós fomos apresentados a Lia Amanda, linda atriz do cinema italiano que se casou com Arnaldo Carraro, filho da dona Ines e do Dante Carraro, amigos do meu pai. Dante faleceu em um acidente de avião em 1949 e tempos depois o meu padrinho Mino desposou a mãe do Arnaldo em segundas núpcias.

Em homenagem ao pai, Arnaldo Carraro instituiu o Prêmio Dante Carraro que acontece anualmente no Clube Itaupu. (Eu frequentei esse clube durante toda a infância, adolescência e fase adulta, pois era vizinho à chácara da minha família em Santo Amaro.)

Em 1958, antes de eu viajar para estudar nos Estados Unidos, Mino me orientou com muito carinho sobre como deveria proceder fora do meu país, econômica e socialmente.

Quando eu fui eleito presidente da Papirus, já trabalhava com o meu pai há mais de 10 anos, portanto me sentia apto a galgar novos patamares de liderança no grupo, mas ainda não havia assumido uma responsabilidade tão importante como a de representar a empresa em todos as esferas de atuação, municipal, estadual e federal, apesar de já ter acumulado um percentual considerável de conhecimento técnico, administrativo, financeiro e sindical.

E foi nesse momento que eu conheci uma pessoa que fez a diferença no meu desempenho à frente da Papirus: Samuel Klabin, diretor geral e grande acionista da Klabin e um empresário completo que sabia tudo sobre papel, desde a parte técnica de como fazer celulose, fabricar o papel, produzir caixa de papelão ondulado até a parte administrativa, financeira e de recursos humanos.

Nos tornamos grandes amigos, nos encontrávamos toda semana e tive a grande oportunidade de por quase uma década aprender uma infinidade de coisas ao seu lado, podendo contar inclusive com a sua valiosa parceria nos assuntos relacionados ao sindicato e à associação de papel e celulose.

Quando ele se afastou da vida corporativa por problemas de saúde, ele colocou em seu lugar uma outra pessoa notável: Horácio Cherkassky, com quem aprendi dicas valiosas no âmbito administrativo.

Não posso deixar de citar também o Max Feffer e Leon Feffer, da Cia Suzano de Papel e Celulose. Filho e pai. Grandes amigos e empresários da mais alta competência. Nos dávamos bem como se fôssemos irmãos. Seu Leon gostava de mim, me ajudou de forma considerável e costumava me convidar para tomar café da manhã para discutirmos as nuances do mercado de papel. Eu o respeitava muito e sempre que ia à Suzano, passava primeiro em sua sala para cumprimentá-lo. E esse carinho passou de pai para filho, pois a minha amizade com o Max também foi de grande significado para ambos. Sempre trocamos conhecimento, experiências e alinhamos objetivos em comum, especialmente nos nossos almoços quinzenais naquela mesa enorme de reuniões da Suzano. Só eu, ele e o garçom que nos servia.

E para concluir, preciso citar o Dr.Jamil Nicolau Aun, Presidente da Fábrica de Papel Simão que também presidiu o Sindicato de Papel e Celulose. (Durante sua gestão eu tinha o cargo de vice-presidente.) Um senhor líder do setor papeleiro, atuante e com quem também tive excelentes aprendizados.

Eu era muito jovem e gostava de aprender com os veteranos! Eu me sentia o máximo quando estava na companhia deles e me colocava à disposição, coisa que pouca gente gosta fazer. Aprendi isso lá atrás com o Mino Salvi. (Sempre prestei atenção nos saberes dos mais velhos, me prontificava a ajudar no que fosse necessário e isso contribuiu muito para o meu crescimento pessoal e profissional.)

Hoje em dia, quando eu chego no Sindicato de Papel e Celulose, o pessoal ainda lembra de mim, juntam-se todos os veteranos e é a maior festa: “Eh, seu Dante! O senhor ainda está em ordem…!” E olha que já se vão mais de 20 anos que estou fora desse convívio.

(Agora vamos ter um revival aos velhos e bons tempos, pois fui convidado para assumir novamente a presidência do Sindicato de Papel e Celulose do Estado de São Paulo, em plenos 80 anos, aceitei e vou dar o meu melhor!)

Aprendi, prestigiei, deixei o meu legado e agora volto em cena para renovar a semeadura. A vida só tem sentido quando temos orgulho do que aprendemos, com quem aprendemos e seguimos compartilhando os aprendizados.

 

 

2 Comentários


  1. Quando na tua festa de 80a vc me falou baixinho: quer um conselho? Nao pare de trabalhar! Vejo que vc aplica o que aconselha. Parabéns na sua nova ‘reincidente’ atividade!Grande abraço.

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    1. Mais uma vez, Marun, agradeço as belas palavras e tenha certeza que não aconselharia para ninguém, coisas as quais não acredito.
      Grande abraço!

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