Reflexões sobre 2020

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Dezembro está a caminho e como acontece todos os anos, é chegada a hora de fazermos algumas reflexões sobre o que vivemos, conquistamos ou deixamos para trás ao longo do ano. Não pode ser diferente com 2020, mesmo sendo um ano em que a maioria das pessoas gostaria de apagar da memória.

É meus amigos, esse ano parece que terminou em março, três meses depois de ter começado, assim que um tal coronavírus se instalou entre nós e assustou de verdade.

Cá entre nós, não me recordo de um ano tão chato quanto este 2020, o ano que tivemos que mudar totalmente o nosso modo de viver assim que foi decretado o estado de pandemia e a realidade nos trouxe algo inédito, sem precedentes: todos os seres humanos ficariam isolados em quarentena, nas suas casas, distantes de tudo e de todos.

Longe dos amigos, dos familiares que não compartilhassem da mesma moradia, longe do ambiente de trabalho e também longe das atividades de lazer, nossa fonte de energia e alegria.

E se querem saber o que eu acho disso tudo, para mim o ano de 2020 está sendo o ano do mundo às avessas. Um ano extremamente difícil de descrever e que todo mundo quer ver logo pelas costas.

No meu caso, não tenho o direito de reclamar porque tudo está caminhando bem, vida pessoal e negócios fluindo generosamente… mas tem uma coisa que não posso deixar de registrar: minha forma de viver passou por inúmeras mudanças e algumas delas não me agradam nem um pouco.

Estou longe dos meus amigos, da minha família, da minha fábrica, dos meus passeios de motocicleta por aí… não sou de ferro, tenho sentimentos e devo confessar que estou sentindo falta de conversar com as pessoas olhando nos olhos delas, ao vivo.

Os negócios vão bem, obrigado, mas isso não é tudo na vida. O aspecto material não faz número mediante as lacunas emocionais que se abriram em função do distanciamento que nos foi imposto pela pandemia.

E, pior dos mundos, dentro da gente vai ficando uma sensação de ter alguém que não tem nada a ver com a gente mandando na nossa vida, querendo nos manter presos, nos tirando uma das maiores dádivas da vida: a liberdade de ir e vir.  Uma tortura!

Passamos 3/4 do ano com um martelar constante nas nossas cabeças informando o avanço do vírus e os números de contaminados, as mortes e agora, quando pensamos que começaríamos a respirar mais aliviados, começam os rumores de uma segunda onda.

Estamos inseguros e com medo!

Medo de que a vacina demore muito tempo para ser aprovada; que apareça outro vírus, de sair na rua e pegar o Covid, medo de não ter a vida normal de volta.

Estamos inseguros com o medo.

Não é à toa que existe a expressão “fulano morre de medo” … que a gente ouve muito quando é criança, durante as brincadeiras e hoje aqui pensando entendo que na verdade o medo tem a capacidade de nos paralisar, por isso a analogia com a morte.  

E claro que têm momentos que dá vontade de chutar o balde e voltar a vida normal na marra. Tipo “vou viajar e pronto!”  Só que a vontade passa rapidinho. Não existe segurança e nem serenidade para viajar para lugar algum.

Essa semana, por exemplo, meus amigos motociclistas foram viajar. A princípio, eu combinei com eles que iria, teimei com a Cidinha que viajaria de qualquer jeito, mas depois que conversei com o meu médico, voltei atrás. Eu sou o mais velho da turma, se a Covid tiver que pular em alguém, na certa vai me escolher!

Tudo bem! Não vou! Mas fica um baita de um sentimento de frustração, de ter que obedecer às circunstâncias.

Outro exemplo? Eu adoro encontrar meus amigos toda semana, comer uma pizza, tomar uma cachaça, falar besteira. Não faço isso desde março.

Então começo a falar besteira com quem? Com a Cidinha! (Embora ela não curta muito…)

2020. Ano entediante! Sempre fazendo as mesmas coisas… outro dia, quando me dei conta estava sentado no sofá assistindo um debate político, sem sal, que de tão animado que estava, me fez pegar no sono ali mesmo, sentado. Pensa! A que ponto nós chegamos… Desanimador.

Acredito que foi um ano divisor de águas também para avaliação pessoal dos relacionamentos familiares e deve ter colocado muitos à prova…

🙏🏻 Ainda bem que nesse quesito eu vou passar de ano com louvor, porque eu e a Cidinha gostamos de ficar juntos, curtimos trocar muitas ideias, longe de ser algo entediante.

De vez em quando, e não poderia ser diferente, um ou outro está com o humor mais sensível, nesses momentos, antes da pandemia, eu ia para o meu escritório, ou viajava de moto e quando voltava estava tudo calmo de novo. Agora temos que melhorar o humor juntos e ponto. Um bom exercício de convivência.

Vaidades e liberdades contidas!

Estamos todos num exercício de superação.

Ano incomparável. Nunca tivemos outro igual e Deus nos livre de ter um próximo parecido com esse.

Nossa capacidade de ser resiliente está sendo colocada à prova a todo momento.

Fazer o quê? Seguir em frente!

Melhor interpretar que fizemos algumas paradas estratégicas para maturar as transformações e adaptações que tivemos que implantar em todos os campos da vida e aceitar que 2020 foi um ano de grandes aprendizados, entre eles, um novo modo de viver, no mínimo muito mais solidário do que antes.

Ainda bem que a vida sempre tem um lado positivo pra gente se ancorar!

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