Não tenha receio de começar algo novo

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Começar algo novo em nossas vidas pode levar a uma de duas emoções: euforia ou medo. Para pessoas com tendências ansiosas, o último é muito mais provável.

Começar um projeto onde você não sabe o que está vindo para você é como colocar a mão em um buraco escuro ou entrar em uma sala com as luzes apagadas – você não sabe o que esperar, portanto é um mecanismo de defesa natural e legítimo ter medo do desconhecido, só que ficar paralisado com medo de se jogar em algo novo pode impedir que você experimente algumas coisas maravilhosas em sua vida.

Falo isso baseado na minha própria experiência, uma jornada de 82 anos bem vividos, na qual pude observar que todas as vezes em que me lancei em algo novo, o saldo ficou muito mais no azul do que no vermelho e vou exemplificar alguns desses acontecimentos como forma de inspirar vocês a seguirem a dica que dou no título desse artigo.

Eu sempre procurei transformar o medo de começar algo novo em impulso para fazer essa nova empreitada produzir os resultados desejados. Ter essa atitude me possibilitou muitas conquistas pessoais e profissionais, onde uma das que eu mais me empolgo de contar é quando resolvi empreender no agronegócio aos 61 anos, em uma área completamente diferente da que eu havia atuado até então e me transformei em um dos mais bem conceituados criadores de gado Guzerá do país.

Sabem quando e porquê eu tive essa ideia?

Em setembro de 1999, logo depois que havia contratado o executivo Cláudio Salce para me substituir na presidência da Papirus, eu viajei para o Nordeste com a Cidinha e os nossos amigos Henrique e Marieta Manograsso para curtirmos o mar, o sol, o dolce far niente!

Só que chegou um entardecer no melhor estilo “para esse eu tiro o meu chapéu” e enquanto eu contemplava o pôr-do-sol comecei a pensar que, em vez de fazer nada eu poderia começar a empreender em alguma coisa nova! Virei para o meu amigo e disse:

 _ Henrique, eu vou comprar uma fazenda assim que chegar em São Paulo!

_ Como assim, Dante? De onde você tirou essa ideia? O que significa isso?

_ Significa que eu vou trabalhar menos na Papirus e vou fazer uma coisa que eu sempre quis fazer na minha vida: ajudar o meu país, que eu tanto aprecio, investindo no segmento de produção de alimentos.

Dito e feito.

Assim que cheguei em São Paulo, fui procurar uma terra e não é que encontrei em um prazo recorde?!

Fechei negócio em dezembro desse mesmo ano e em março do ano 2000, eu assumi a Fazenda Esperança, com sede no município de Pirajuí, para implantar o meu novo projeto. (Não dei a menor bola para os videntes e profetas que proclamavam que o mundo ia acabar exatamente nesse período!)

Eu já havia sido fazendeiro na minha juventude, dos 22 anos aos 32 anos, administrando duas fazendas em parceria com os meus dois irmãos e minha irmã, apesar das inúmeras divergências de ideias…

Meu pai, um homem visionário e à frente do seu tempo, gostava que aprendêssemos novas possibilidades de negócios vivendo as experiências ao vivo e em cores e ele estava certo!

Eu aprendi muito com os erros e acertos feitos durante essa gestão compartilhada e quando vendemos a fazenda, pensei “com o dinheiro que estou ganhando aqui, um dia vou realizar o meu sonho de ter uma fazenda para fazer as experiências que eu quiser, seguindo as minhas ideias.

 28 anos depois… o sonho foi realizado.

E foi um sucesso! Eu só me desfiz da Fazenda Esperança porque os meus filhos não quiseram assumir a administração do negócio e eu já estava com 76 anos!

É meus amigos… por mais que a gente pense em não fazer nada, a gente sempre pensa em fazer alguma coisa ou algumas… porque no mesmo período que eu estava montando a fazenda criadora de gado Guzerá, eu também montei uma oficina de motos Harley Davidson, outro sonho que só não foi adiante porque o meu sócio tinhas ideias divergentes das minhas. Mas tentei!

Como tentei tantas outras coisas e colhi os louros da realização: na adolescência fui morar nos Estados Unidos para aprender outro idioma e fazer minha formação universitária; na volta, assumi a comando da empresa da família, enfrentando todas as turbulências: enfrentei uma cisão em 1988 com os primos, uma ruptura com os meus irmãos dez anos depois, tendo que assumir a compra das ações; encarei uma separação do primeiro casamento depois dos cinquenta anos e… me permiti viver uma nova paixão perto dos sessenta!

De onde vem essa determinação de encarar o novo? Como alimentar isso? O que aprendi e acho que todo mundo deveria aprender também?

– Desenvolver um caráter investigativo, que nunca se contenta apenas com o trivial.

– Manter o foco nos objetivos pretendidos, sem perder a paciência.

– Aproveitar os erros para fazer outras coisas interessantes.

– Não desperdiçar oportunidades.

– Dar um chega pra lá na preguiça!

Como dizia o escritor e empreendedor americano Jim Rohn, “a pior coisa que você pode fazer é não tentar, saber o que realmente se quer e não ir atrás, passar anos em silêncio sofrendo, se perguntando se alguma coisa poderia ter acontecido – sem jamais saber.”

Aproveite que o ano está apenas começando e comece você também algo novo!

1 comentário


  1. Sr. Dante, meus sinceros parabéns pelo texto! Uma grata surpresa abrir o link compartilhado pelo Borrego no grupo do Clube de Carros Antigos e me deparar com essa magnífica história de vida! Caiu como uma luva na minha atual situação pois acabei de pedir demissão de um vínculo de quase 15 anos para tirar um sonho do papel! Estou me sentindo muito incentivado com a leitura! Muito obrigado pela oportunidade de conhecer um pouco da sua história! Abraço! Fernando Moura de Guararema!

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