Uma leitura da atualidade 1

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Outro dia, em meio a uma conversa pelo WhatsApp, quando eu disse que o Brasil estava indo muito bem, obrigado, escutei a seguinte argumentação: “Está doido, Dante? A inflação está batendo na porta todos os dias!”

Eu até ia esticar a conversa, mas como tinha um compromisso importante me esperando, sugeri que a gente continuasse a conversa em um outro momento e hoje resolvi falar um pouco sobre a minha visão da atualidade, aqui nessa postagem.

A produção nas indústrias brasileiras segue em ritmo de crescimento, excetuando-se os segmentos industriais que não conseguem receber as peças que vêm da China, dado que o continente chinês está em uma situação muito difícil: sem nem conseguir retomar o ritmo dos negócios pré-pandemia, começou a enfrentar uma nova onda de pandemia de Coronavírus.

O lockdown imposto em Xangai, importante cidade da China, tem atrasado as movimentações de carga e descarga do porto instalado no território e provocado temores sobre potencial desaceleração econômica, o que deve contribuir para que a inflação continue acelerando em todo o mundo.

O porto está abarrotado e as novas produções chinesas estão paralisadas, por falta de matéria-prima. Falta de insumos.

É aquela velha história que gosto de repetir: os países precisam suprir suas próprias indústrias.

Por exemplo, a Ford, a primeira indústria a se instalar em terras brasileiras, no ano de 1919, foi embora do Brasil. E por que tomou essa decisão? Porque ela descobriu que não ia conseguir trabalhar, por falta de insumos.

A saída da Ford do cenário industrial brasileiro nos mostra que não podemos depender do exterior para finalizar os produtos produzidos aqui no país, mesmo que fiquem mais caros.

Em 1997/98, eu fui convidado para participar de um evento nos Estados Unidos, em Albany, ao norte do Estado de Nova York, em uma ex-propriedade da família Rockfeller, na qual deveria fazer duas palestras a respeito da produção de papel reciclado no Brasil para um grupo de empresários de todos os segmentos.

Pois bem, eu fiquei duas semanas lá, hospedado nesta fazenda e acabei proferindo duas palestras por dia! E não achava ruim, não, por que estava falando de um tema que já estava envolvido com ele há mais de 20 anos à frente da Papirus.

A uma bela altura da jornada, um americano chegou para mim e disse:

_ Dante, você fala tão bem da sua fábrica de papel, dos vários tipos de cartão que são produzidos na Papirus, você não quer montar uma fábrica desse produto na China?

Eu respondi prontamente:

_ Não, muito obrigado. Eu já estudei bastante sobre esse tema e não acho uma alternativa interessante para a Papirus.

_ Por que, não? Tem muitos americanos e europeus levando suas indústrias para a China.

_ Mas eu vou continuar produzindo lá no Brasil, que é um país totalmente nosso. Não quero correr riscos desnecessários de perder o meu negócio para os chineses, que um belo dia podem me dizer – “agora você pode ir embora, que a fábrica está em nosso território, portanto é nossa” – tenho amigos chineses de longa data, que me aconselharam e me ajudaram a chegar a essa conclusão com exemplos concretos.”

Sempre tive a sensação de que que os chineses se imaginavam os maiores e melhores do mundo em tudo e há cerca de 150 anos apareceu um outro país focado em crescer, com uma grande soma de imigrantes vindos de todas as partes do mundo, sem uma religião que interferisse muito no ritmo dos negócios e que, dessa forma, começou a se desenvolver em um ritmo inimaginável, aumentando sua capacidade industrial, econômica e de fazer negócios com todo o restante do mundo. Talvez hoje os chineses estejam se dando conta de que não são mais tão poderosos assim.

Detalhe importante a considerar: nos Estados Unidos tem gente vinda de todas as partes do mundo, de todas as culturas, formações acadêmicas, o que significa grande potencial para somar inteligências.

Na China, a maioria absoluta da população é composta por chineses, saídos da mesma forma, com a mesma educação, costumes e hábitos culturais milenares. O que podemos esperar deste cenário? Uma visão de mundo 100% chinesa, governada sob um regime comunista.

Por isso digo que o Brasil, apesar de tantos solavancos está indo bem e vai ficar cada vez melhor à medida que os brasileiros passem a confiar mais no potencial da nação de criar novos negócios autossustentáveis.

Outro ponto de vital importância? Aprimorar o sistema educacional, suas estruturas, modulações, metodologias, sistemas e dinâmicas, tudo precisa ser melhorado para que a formação de nossos jovens alcance um outro patamar de qualidade.

Na atualidade, ainda em um cenário pandêmico – mesmo com as flexibilizações e o aumento de pessoas imunizadas em todo o país – é de suma importância que se retomem os debates sobre as mudanças institucionais, curriculares e pedagógicas que precisam ser implementadas com muita urgência, para que tenhamos jovens mais capacitados, com maior potencial inovador, consciência ambiental e atitude empreendedora.

É isso! Por hoje paro por aqui, mas na próxima postagem a minha leitura da atualidade continua. Até lá! 

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