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Já parou para pensar como a jornada da nossa vida é interessante e cheia de surpresas de última hora?
Em alguns momentos, parece que estamos no meio de um furacão, achamos que não teremos força nem discernimento para vencer as dificuldades, parece que atingimos nosso limite, quando de repente nos deparamos com uma força descomunal, que só descobrimos nos momentos de sufoco mesmo, ou seja, você não sabe da existência dessa força, nem pensa nela, mas ela está lá a todo momento e está pronta para te ajudar a enfrentar as mais diversas situações.
Hoje pela manhã, eu li uma frase da pintora mexicana Frida Kahlo que ratifica essa minha percepção da vida: “no final das contas, nós suportamos muito mais do que imaginamos.”
Frida contraiu poliomielite infantil, aos seis anos, que lhe deixou uma lesão em seu pé direito e encurtou uma de suas pernas. Aos 18 anos, sofreu um acidente e fraturou a espinha, a clavícula, a pélvis e várias costelas, obrigando-a passar por mais 35 cirurgias. A partir deste acidente, começou a pintar autorretratos com base na visão que tinha a partir de um espelho em sua cama e retratou a sua vida em telas, sempre com cores fortes e traços marcantes, características únicas das suas obras, valorizadas e apreciadas pelo mundo.
Nós, seres humanos, somos dotados de muitas forças que nascem conosco, a exemplo da força intelectual, física, mental e espiritual. Se entendemos que essas forças fazem parte de nós e as usamos nos momentos certos, podemos viver uma vida mais realizadora.
Agora se as ignoramos ou temos medo ou preguiça de nutri-las na prática, perdemos grandes oportunidades que a vida vai nos apresentando no decorrer da nossa existência, mesmo que venham disfarçadas de grandes problemas.
Em quase todas as situações que precisam ser resolvidas, precisamos nos munir de dois elementos vitais para sairmos vitoriosos no final: coragem e paciência, pois tudo tem o momento certo para ser resolvido, por isso não devemos tomar decisões precipitadas. (E isso eu posso falar de cátedra, porque precisei ter muita paciência com várias pessoas e circunstâncias da vida para atingir os objetivos pretendidos ou necessários para seguir em frente, com contentamento interior e sentimento de dever cumprido.)
Claro que não posso comparar o que passei com todo o sofrimento da Frida, que mesmo sem poder contar com a força física, conseguiu desenvolver as forças artística e intelectual de forma brilhante, mas se fosse enumerar todas as saias justas que tive que enfrentar no decorrer da minha vida, escreveria vários livros.
Para exemplificar esse tema de hoje, lembrei de uma passagem que aconteceu no ano de 2003, quando eu estava com 65 anos e com viagem marcada para New Orleans, nos Estados Unidos, para juntar-me a alguns amigos e seguirmos juntos, com nossas motocicletas, para comemorarmos o centenário da Harley Davidson.
Eu estava bem animado com esse programa! Mandei adaptar a moto para utilizar o combustível dos Estados Unidos, cuidei de todos os detalhes para curtir ao máximo todas as cenas que viveria nessa viagem.
Depois de quatro dias nos Estados Unidos, na véspera de iniciarmos o trecho da viagem em que as nossas motocicletas entrariam em cena, devidamente preparadas e produzidas para esse evento comemorativo, nós nos reunimos em um restaurante para um jantar de confraternização.
Só que, assim que retornei ao hotel, começou um mal-estar, que foi se complicando até se tornar uma dor insuportável ainda no meio da madrugada. Pensei “a coisa está feia, não vou dar conta de ficar aqui…”, e tratei de ligar para a companhia aérea para cuidar do meu retorno imediato ao Brasil pois percebi que essa seria a única atitude coerente a ser tomada.
Mudei a data da passagem aérea e pela manhã, quando encontrei os meus amigos no café da manhã, avisei que precisaria retornar em caráter emergencial devido às fortes dores que estava sentindo e que já havia providenciado que a Harley mandasse a minha moto de volta ao Brasil.
Medicado com as primeiras recomendações da minha equipe médica, consegui acalmar a dor e quando embarquei na aeronave que me traria de volta ao Brasil, nutrindo-me apenas de muita água, pude respirar aliviado, por que a preocupação dali em diante seria encontrar a minha amada Cidinha no aeroporto, seguirmos para o hospital para encontrar o Dr. Mário Luiz Silva Barbosa e fazer os devidos procedimentos cirúrgicos para a vida voltar ao normal.
Devo confessar que não sei de onde tirei tanta força para suportar essa dor, a circunstância nada favorável em que ela resolveu aparecer, nem para passar pela cirurgia onde perdi alguns centímetros do meu intestino; mas estou aqui, contando essa história para vocês, pois, quem sabe, ela vai chegar em algum momento que você esteja precisando de força para enfrentar algum momento difícil.
Acredite, você vai conseguir dar conta! A força e a resistência humanas podem variar de acordo com a nossa necessidade.