Um dia sem risadas? Nem pensar!

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Quando me deparei com a célebre frase de Charles Chaplin – “Um dia sem rir é um dia desperdiçado” – não pude deixar de sorrir em concordância. Afinal, Chaplin é uma figurinha carimbada que sempre trabalhou para deixar os outros rirem.

Lembro-me com carinho dos filmes em preto e branco, do cinema mudo que nos divertia muito, a mim e meus irmãos naquela época. Aquele jeito dele andar virou marca registrada, com os pés abertos, as caretas, as mexidas da cabeça, o bigode, a cartola. Tudo parecia de propósito para que ninguém desperdiçasse um dia sem rir.

E eu concordo plenamente com ele. Porque quando a gente ri, quando a gente dá risadas com algum amigo ou vai num bar com vários amigos e só ri, aí você realmente está vivendo um dia que vale a pena ser vivido.

Meu primeiro professor de risos

Meu irmão mais velho, Lamberto, era um comediante nato. Isso não é força de expressão – ele realmente tinha um talento natural para a comédia! Costumava armar o que chamávamos de “nossa lona particular” e convidava minha mãe, meu pai e nós, os outros três irmãos, para assistirmos ao “show de comédia” que ele fazia, sempre depois do jantar e nos finais de semana.

E ele realmente era muito divertido. O que ele fazia? Contava piadas, fazia movimentos engraçados, imitava as pessoas da família, da escola, principalmente os professores. Aqueles momentos eram sagrados para nós – uma celebração familiar em torno do riso.

A dosagem ideal de risos

Às vezes me questiono se existe uma dosagem ideal de riso por dia e nunca consegui responder com precisão, mas tenho uma teoria bem simples: quanto mais, melhor!

Eu me divirto muito quando meus filhos vêm comigo para a casa de Guararema. A gente fica na piscina, depois faz sauna e rimos por qualquer bobagem. Isso faz um bem danado, porque é espontâneo. E fica ainda melhor quando os netos entram na conversa. É natural na criança dar um mergulho diferente dos outros na piscina, ou falar alguma bobagem que, por mais absurda que pareça, provoca muitas risadas.

Então, na realidade, a quantidade de riso por dia, eu não saberia prescrever, mas quanto mais, melhor. É como aquela vitamina que o médico recomenda tomar diariamente, mas que não faz mal se você exagerar um pouquinho na dose.

Mais que um tranquilizante

Há uma frase anônima que diz: “Risada é um tranquilizante sem nenhum efeito colateral.” Interessante, não? Mas acho que não é só um tranquilizante. Às vezes pode ser um ativante, uma vitamina, um energético.

Já reparou como nos sentimos depois de uma boa sessão de risadas com amigos ou familiares? É como se tivéssemos recarregado as baterias. Saímos mais leves, mais dispostos, com uma sensação de bem-estar que nenhum energético artificial consegue proporcionar.

A receita do meu pai para dias cinzentos

Mas e quem não tem companhia ou motivo para rir? Essa é uma pergunta que já me fizeram algumas vezes, e sempre me lembro da receita infalível que meu pai nos ensinou: “Assim que acordar, fica na frente do espelho e dá uma boa gargalhada, uma boa risada pra você mesmo e o dia vai começar bem mais feliz.”

Quando falava isso para mim ou para meus irmãos, ainda complementava com aquele humor característico dele: “Você não pode acordar mal-humorado, deixa só a mamãe acordar mal-humorada”. Meu pai era muito engraçado.

E eu faço esse exercício até hoje, porque realmente você muda a energia. É quase impossível continuar de mau humor depois de se forçar a dar uma risada na frente do espelho. No começo parece artificial, mas logo se transforma em uma risada genuína – afinal, a situação em si já é cômica!

Uma necessidade humana

Charles Chaplin está certíssimo. O riso é uma coisa necessária no ser humano, para ele se sentir feliz, porque não é só viver, só trabalhar, só estudar, só comer. É importante a gente se divertir também.

Vejo muitas pessoas por aí, mergulhadas em suas rotinas, que parecem ter esquecido como é bom rir. Andam sérias demais, preocupadas demais, tensas demais. E eu sempre penso: que desperdício! A vida já tem seus momentos naturalmente difíceis, por que não aproveitar cada oportunidade de leveza que ela nos oferece?

Minha filosofia do riso

Ao longo dos anos, desenvolvi minha própria filosofia sobre o riso. Acredito que ele é uma forma de resistência contra as dificuldades da vida. É como se, ao rir, estivéssemos dizendo: “Ei, problema, você não vai me derrubar. Eu ainda consigo encontrar alegria, mesmo com você por perto.”

Também descobri que o riso é contagioso – e isso é maravilhoso! Já reparou como é difícil ficar sério quando alguém próximo está tendo um ataque de riso? É quase impossível. Logo estamos rindo juntos, às vezes sem nem saber o motivo original da risada.

E talvez esse seja o maior poder do riso: sua capacidade de conectar pessoas. Quando rimos juntos, criamos um vínculo, compartilhamos um momento, estabelecemos uma cumplicidade que vai além das palavras.

Então, deixo aqui um convite para você: não desperdice nenhum dia sem rir. Seja com amigos, com familiares, com colegas de trabalho ou até mesmo sozinho na frente do espelho (como meu pai me ensinou).

Ria das pequenas coisas, das coincidências, dos tropeços (desde que ninguém se machuque, claro), das piadas bobas, das situações inusitadas que a vida nos apresenta. Ria até mesmo das adversidades, quando possível – não para diminuí-las, mas para ganhar força para enfrentá-las.

E se algum dia você estiver se sentindo sem motivos para rir, lembre-se: o próprio ato de rir já é motivo suficiente. Como dizia meu pai, comece forçando uma risada na frente do espelho, logo ao acordar, – você vai se surpreender com o quanto isso pode mudar seu dia.

Afinal, a risada não é apenas um tranquilizante sem efeitos colaterais – é uma vitamina essencial para a alma.

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