Ter amigos de todas as idades é uma fonte de energia inesgotável

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O DR Destaca dessa semana vai para César Mariuzzo Andrade, um amigo motociclista que conheci em Itatiba, lá pelos lados de Jundiaí, meados dos anos 90, em um churrasco no sítio de Ítalo Gasparotti, um amigo em comum.

Conversa vai, conversa vem, afinidades foram aparecendo (apesar da nossa diferença de idade!) passeios de moto também e então fizemos uma primeira viagem para Foz do Iguaçu. Eu fui coladinho com a Cidinha, estávamos em início de namoro e César foi acompanhado da Cláudia, sua esposa na época.

Pouco tempo depois da viagem, nós estávamos com um grupo de amigos em Ilha Bela, fomos fazer um passeio de barco e ele me confidenciou que estava passando por uma crise conjugal. Eu, que havia passado por uma separação recente e sabia bem de todas as dificuldades que ele iria enfrentar, o aconselhei a repensar a situação, conversar muito com a sua companheira, pois sempre acreditei que tentar salvar um relacionamento é uma atitude mais coerente e sensata do que o rompimento, que conduz cada um para um lado diferente, ainda mais na idade dele, que estava em início de carreira, bem mais jovem do que eu.

(Já naquela época, César era um advogado inteligente, brilhante, eu adorava conversar com ele sobre variados assuntos e estava bem nítido para mim que teria um futuro brilhante, como de fato, aconteceu!)

Eu sempre prezei muito pela nossa amizade, apesar da diferença de idade, porque tínhamos muitos interesses comuns, no âmbito pessoal, profissional e esportivo, o que nos oportunizou uma convivência rica de experiências proveitosas para os dois lados: para ele, a oportunidade de ouvir um amigo mais experiente, com mais vivência, para servir de parâmetro para suas decisões; de minha parte, por poder compartilhar meus aprendizados e pontos de vista, o que faz muito bem para a saúde física e mental e é uma fonte de energia inesgotável.

A hora do autógrafo do nosso “road captain”

Em 2001, nós fizemos uma viagem para a Europa, junto a um grupo de mais 28 motociclistas paulistas e passamos cerca de 3 semanas andando de motocicleta por lugares incríveis.

Nesse grupo, apenas eu, César, Antônio Assis e Beto Bernardes estávamos sem acompanhante e foi exatamente nessa viagem que o meu amigo conheceu a Daniela, sua segunda esposa, e eu, sem querer, fui o cupido dessa história!

Explico como e porquê: um dos casais desse grupo de motociclistas, Geraldo Casado e esposa (que hoje moram na Bahia e em breve vão receber a nossa visita!), levou a filha acompanhada de mais 3 amigas na viagem.

Uma noite, em que iríamos todos para a festa da Harley Davidson, Geraldo pediu a quem estava sem acompanhante para dar uma carona para as meninas e eu o tranquilizei, dizendo que cuidaria de uma delas, no caso a Daniela, até chegarmos na festa.

Quando eu e Daniela chegamos na festa, o César estava chegando com uma das outras amigas, nós descemos da moto e falei para o César que ele formasse um novo grupo para levar as meninas para passear mais tarde, pois eu iria jantar e logo na sequência iria para o hotel descansar para estar “inteiro” no dia seguinte e aproveitar bem as novas andanças.

(Meus amigos motociclistas já sabem que eu gosto de equilibrar as minhas atividades nas viagens de moto; hora de descansar é sagrada para manter o pique na hora de pegar a estrada. Saber se cuidar é um aprendizado vital para quem tem como meta uma vida longeva e quer segurar os trancos.)

Depois dessa viagem, pouco tempo depois, César e Daniela se casaram sob as bênçãos do padre Raimundo, que eu e Cidinha apresentamos para o novo casal e que fez uma celebração muito bonita e inspiradora.

O lado “road captain” de César

Uma vez, estávamos viajando pelo Sul do Brasil em um grupo com 10 motociclistas e o César era o nosso Road Captain.

(Também foi nosso “road captain” na Viagem ao Deserto do Atacama, mas essa história vai ficar para um próximo post.)

A viagem seguia tranquila, muitos quilômetros rodados sem sobressaltos, até que nosso comandante passou a entrada justo da cidade em que havíamos programado o hotel onde iríamos nos hospedar para o merecido descanso.

Eu percebi o equívoco, acelerei para passar à frente, colei ao lado dele e disse:

_ César, você passou da entrada da cidade, estamos na rota errada.

_ Putz, Dante e agora? Como é que a gente vai voltar?

_ Eu não sei! A estrada está em obras. Não tem retorno.

_ Então vamos seguir em frente e parar na próxima cidade.

Decisão tomada, o grupo acatou e lá fomos nós, só que… a próxima cidade não chegava, e à noite o César tinha dificuldades de enxergar bem.

Paramos num posto e ele veio me falar justamente isso.

Propus que dormíssemos ali mesmo, no hotel daquele posto, que tinha acomodações para viajantes. A turma não concordou, alegando que o local era muito desconfortável, estavam cansados, queriam algo mais acolhedor.

Eu falei “tá bom, então eu vou puxar vocês”, e abri essa exceção porque quando estou viajando de moto não gosto de comandar ninguém, gosto de seguir tranquilo, perdido nas minhas meditações. Já comandei muita gente a vida inteira por força do trabalho, e nesses momentos tudo o que eu quero é sossego e cabeça livre, leve e solta, para repensar o que ando falando, onde estou errando, como posso melhorar meus relacionamentos etc.

Decidimos que iríamos parar só em Florianópolis, 120 km à frente de onde estávamos, apesar de já ter anoitecido. Eu topei.

A viagem toda vinha na terceira posição, estava descansado. Mas impus uma condição: “o primeiro cara que me passar, eu estaciono no primeiro posto de combustível que aparecer e vou dormir. Eu conheço bem esse trecho que está faltando, é perigoso e não quero que ninguém corra riscos. Fechado?”

Todos concordaram e, melhor de tudo, todos se comportaram direitinho, seguiram o meu ritmo, que cá entre nós, não deixou nada a desejar. (E lembrem que isso foi antes da duplicação, quando a BR 101 era bem mais perigosa.)

Chegamos inteiros. Hotel maravilhoso. Comida boa. Camas limpinhas e confortáveis. Sono dos justos!

E assim, de estrada em estrada, já fizemos muitas viagens, faremos outras tantas, trocamos valiosas experiências de vida e a amizade com César, que começou pela afinidade de gostarmos de andar de moto, se solidificou e hoje, além de amigo, ele também é meu advogado, tanto de causas pessoais como das corporativas.

E la moto va

Carlão Barba, Dirk e César, amigos motociclistas de longa data e muitas histórias

 

 

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