E não é que a viagem de moto rendeu mais história e até uma reflexão…

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A volta do Chile começou no dia 24 de janeiro de 2019, novamente prevalecendo o livre arbítrio de cada um e essa decisão fez muito bem para todos.

Seguimos de Bariloche para Neuquén, grupo ainda completo, por uma estrada antiga, relativamente bem conservada, asfaltada e perfeita para meditar pelos seus cerca de 450km de extensão.

Paramos em Neuquén apenas para descansar pois trata-se de uma cidade industrial, que emite gases que ardem os olhos.

No dia seguinte, a viagem continuou rumo à San Rafael e a estrada não era lá essas coisas… paisagens repetitivas, tudo sempre igual, parecia que estávamos perdidos no meio do deserto e para completar a nossa ansiedade, com poucas opções de abastecimento e alimentação. O jeito foi parar onde deu, comer um PF, subir correndo de volta na moto e dar asas aos pensamentos para vencer os próximos 270 km.

Dando um trato na moto antes de seguir viagem

Ah! Na volta para Mendoza, uma parte do grupo (Vasques, Mário Foschi e Manoel) optaram por seguir por um outro trecho que não era o anteriormente planejado, pois queriam visitar o Valle do Uco antes de seguir para o hotel que havíamos reservado em Mendoza. Fizeram muito bem!

Mendoza é cercada por diversas regiões produtoras do vinho Malbec e Valle do Uco é uma delas, com um cenário de céu azul, morros com o pico nevado e grandes casas tradicionais à beira das parreiras de uvas quase infinitas. A coisa lá é séria, pois trata-se de uma das principais regiões produtoras de uva Malbec do mundo!

Que visual do Valle do Uco, hein Mário Foschi?
Chers! Que viagem! Vasques, Foschi e Manoel

Escolha feita, eles foram comprovar se o Malbec argentino merece a fama que tem e eu e Mário Zupo seguimos para o nosso hotel em Mendoza para dar uma relaxada pois ainda teríamos muito movimento pela frente e somos os mais rodados do grupo.

Quando chegamos no hotel, respiramos fundo. Ufa! Que alívio! O calor estava castigando.

Descansamos sem culpa e no dia seguinte fomos arrumar os pertences que seguiriam de volta a São Paulo com as motos, com calma e planejando para ficar com o mínimo possível de bagagem porque já sabíamos que a viagem de volta seria ainda mais cansativa, com idas e vindas em 3 aeroportos diferentes, então precisaríamos amenizar o volume de coisas a serem carregadas.

Cá entre nós, os aeroportos estão deixando muito a desejar…  fila no check-in, troca-troca de salas de embarque sempre a poucos minutos do voo, fila do embarque, a demora na decolagem e aterrissagem, andar até o ônibus de embarque porque não tem finger para todos os vôos, andar quilômetros até chegar ao penúltimo estágio do martírio que é conseguir pegas as malas nas poucas esteiras. (Este último item, graças a Deus não foi o nosso caso!) São tarefas e mais tarefas que eventualmente exigem um excelente preparo físico e, principalmente, muita paciência.

Agora querem saber o lugar que mais me encantou nessa viagem?

O trecho da viagem entre Pucón e Bariloche! Apesar de não ser novidade pois já conhecia essa estrada, como é cheia de encantos, eu curti tudo de novo com um novo olhar e recomendo muito.

E os meninos que foram pela estrada de terra (lembram que o grupo se separou também na ida?) disseram que ela também é linda, com poucas pedras, cercada por lagos, um delírio para os olhos e para a alma.

Eu conheço outros trechos de estrada pelos lados do sul de Buenos Aires, a exemplo do trecho entre Bariloche e Baía Blanca, onde fiz 1.000km em um dia, mas de fato, esse trecho que fizemos para chegar à Bariloche, eu a-do-rei!

O melhor pensamento?

Pensei bastante sobre os últimos acontecimentos políticos no Brasil e suas possíveis derivações e devo confessar que estou a cada dia mais entusiasmado e confiante de que dias melhores estão a caminho e que 2019 vai ser muito bom.

A maior alegria?

Eu me comportei muito bem. Não tive nenhum problema de saúde e cheguei à conclusão que ainda estou apto a pilotar motos em viagens mais longas. Que alegria!

Lógico que me cansei (15 dias para me recompor!), mas a sensação de superação de cada trajeto vencido e curtido, cuidando para não me expor em riscos desnecessários, compensou todo o esforço.

A melhor reflexão?

A conclusão de que estou mais tolerante comigo mesmo e com os outros.

O exercício de viajar de motocicleta em grupo ajuda muito nessa percepção de aceitar o outro como ele é, sem querer que seja do jeito que somos ou esperamos.

E quer saber, isso faz uma grande diferença para viver bem e de forma mais leve.

(Fortaleza que se prepare porque em julho nossas motos estão planejando dar uma esticadinha por lá…)

Zupo, Manoel, Foschi, Vasques e eu! Companheiros de viagem!

 

 

 

 

 

 

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