Superar as expectativas dos seus clientes mantém a longevidade do seu negócio

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Antes da estourar a segunda Guerra Mundial, o meu avô passava dois anos aqui no Brasil e seguia para a Itália, onde permanecia pelo mesmo período; e eu nasci um ano antes dos bombardeios bélicos se iniciarem em 1939.

Quando a Itália decidiu atacar os países inimigos, meu avô paterno, que tinha duas filhas morando com ele, ficou receoso com a segurança das meninas visto que os ataques estavam cada vez mais próximos de Roma, cidade muito visada, e então decidiu morar na região de Gardone. Comprou uma ampla casa de campo, cercada pelo lago de Garda e se transferiu com a família para aquele pequeno paraíso.

Com o término da guerra e o avançar da idade (naquela época, quem tinha 65 anos era considerado velho…), o nonno encurtou suas estadias no Brasil, ficando apenas seis meses a cada dois anos, não só para dar uma força aos filhos que aqui estavam, mas para poder curtir todos os netos (eu adorava ele, o achava um cara muito especial, alegre!) e também para opinar sobre os negócios da família.

Foi nessa época, bem no auge da minha adolescência, que eu aproveitava para prosear bastante com ele, que correspondia animado porque percebia meu interesse nas suas histórias, principalmente quando ele contava passagens do seu trabalho, das estratégias comerciais, do faro que os negócios exigiam de seus comandantes.

Nessas suas vindas ao Brasil, ele trazia dois baús e um desses baús continha seu material para fazer mágicas para a meninada. Era uma farra! Tinha uma pegada circense e toda semana tinha apresentação exclusiva para nós. Quando chegava no final, eu ficava sempre rodeando ele para trocarmos “nossas confidências” empreendedoras e ele gostava, porque eu era o único neto que gostava de acompanhar meu pai na fábrica de chapéus Ramenzoni e esse interesse talvez sinalizasse que tocaria as atividades industriais da família num futuro próximo.

Ele já percebia meu orgulho em fazer parte desse clã empreendedor e dizia:

_ Dantino, deixa eu te contar uma coisa: já que você gosta tanto da fábrica, eu preciso te dizer algo que se lembre para sempre!

_ Pode dizer, nonno

_ No dia que você quiser criar a sua própria fábrica ou herdar essa que já é da nossa família, antes de qualquer coisa precisará garantir a venda do produto que você irá produzir e só depois é que poderá viabilizar o negócio.

Deverá sempre se perguntar: aonde eu vou buscar os clientes quando a fábrica estiver a pleno vapor e o que farei para preservá-los?

Precisará escolher sempre fazer o produto que os seus concorrentes não produzem ou façam em pequena escala, porque assim você poderá manter a firmeza na hora de negociar o fechamento das vendas.

Isso ficou na minha cabeça…

O que ele queria dizer com essa fala?

Que antes de mais nada, o empreendedor industrial precisa ter uma fábrica de algo que atenda uma necessidade do mercado, deter toda a gama de informações sobre o segmento que irá atuar, com diferenciais que agreguem novos valores aos clientes para que eles reconheçam a importância daquela indústria para manter o negócio deles.

Como transformar teoria em prática?

Com dedicação e profissionalismo, mantendo um contato periódico com os clientes, entendendo suas reais necessidades e entregando exatamente o que for solicitado. A regra vale para produtos, serviços e vendas técnicas.

Cliente precisa ser bem tratado e saber ouvir o cliente é fundamental para que se estabeleça uma relação de confiança e de entregas que continuem garantindo os negócios de ambos os lados.

Em toda relação comercial precisa ficar claro que tem que haver lucro, a transação precisa render dividendos justos, que façam sentido para quem vende e para quem estiver comprando.

Eu não me canso de repetir esse pensamento para os meus executivos comerciais: o cliente é o coração do nosso negócio!

Precisamos conhecer muito bem o nosso cliente e essa relação só se fortalece a partir do momento que fechamos a primeira venda e começamos a estabelecer vínculos de confiança mútua.

Às vezes essa relação é interrompida, o cliente quer conhecer outras possibilidades, e quando não fica satisfeito com a nova escolha, retorna ao antigo relacionamento, alinham-se expectativas e se inicia um novo ciclo.

Precisamos conhecer os nossos clientes, fazer contatos frequentes, visitá-los e convidá-los para nos visitar, perguntar tudo que pode ser melhorado no atendimento, gerar e transmitir confiança, provocar um intercâmbio constante de ideias, porque isso possibilita criarmos vários mecanismos para mantê-los por perto e fieis no decorrer da caminhada, sem que isso implique decrescer orçamentos.

Outra coisa importante é sempre contar as novidades que estivermos pesquisando, explicitar os critérios de qualidade dos produtos comercializados, manter os clientes bem informados sobre os novos itens do portifólio, sobre as inovações tecnológicas implementadas.

E por último, cuidar que o pós-venda seja impecável! Checar tudo.

Cliente gosta e precisa de atenção total e empreendedor precisa saber tudo sobre seus clientes se quiser obter longevidade nos seus negócios!

Ah… e mais um detalhe… essa história de que cliente sempre tem razão é bem questionável se estabelecermos regras bem delineadas para os dois lados, desde o início da relação. Isso se chama consciência de parceria. “Eu sigo e respeito a sua regra e você faz o mesmo”!

Cá entre nós, essa postura fortalece qualquer tipo de relacionamento, concordam?

 

 

 

 

 

 

 

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