Na juventude aprendemos, com a longevidade entendemos

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A inspiração do tema de hoje aconteceu após receber uma mensagem de WhatsApp contendo várias frases sobre maturidade, longevidade, juventude e o que aprendemos com o passar do tempo.

Uma delas me chamou a atenção pelo conteúdo e também por ser de autoria de uma mulher, a única da lista!

Na juventude aprendemos, com a velhice entendemos.

Marie von Ebner-Eschenbach

Você deve estar tão curioso quanto eu, quem seria essa mulher?

Fui pesquisar e descobri que se tratava de uma mulher nascida em família austríaca aristocrática, que morreu aos 86 anos, em 1916, reconhecida como a escritora austríaca de maior expressividade de todos os tempos.

Na adolescência, a madrasta enviou alguns dos versos de Marie para um escritor famoso avaliar, na esperança de uma avaliação negativa, mas recebeu uma devolutiva dizendo que a garota tinha “poder de expressão” e “talento para um julgamento preciso”.

Foi a motivação certa, na hora certa e ela enveredou pelo caminho de defender a tese de que em todas as classes sociais temos pessoas boas e que a bondade humana inerente acabaria por superar as adversidades.

Suas obras ganharam aclamação geral tardiamente, mas em 1900 ela recebeu um doutorado honorário da Universidade de Viena, o primeiro concedido a uma mulher.

Que a Marie não fique chateada comigo, mas vou usar a estratégia da licença poética para alterar a palavra velhice por LONGEVIDADE, porque um dos grandes sonhos da maioria dos humanos, incluindo esse que vos escreve, claro, é viver uma vida longa, saudável, inspirada, feliz e velhice, na minha opinião, passa uma conotação de fim de linha.

E eu sou um bom exemplo disso que acabei de escrever. Há alguns anos atrás, um homem na minha idade, 81 anos, era considerado velho, e eu, em nenhum momento da minha vida me sinto um velho, pelo contrário, acordo todos os dias pensando que ainda tenho uma vida inteira pela frente.

No mais, eu acho que você está certa, Marie!

A gente passa a vida aprendendo, estudando, ouvindo, analisando, percebendo, enxergando de uma outra forma, pensando, absorvendo conteúdos baseados em pontos de vista de vários autores, pensadores, professores, familiares… e com o passar dos anos é que conseguimos maturar, absorver, questionar a veracidade e enfim entender o que de fato nos agregou valor.  

Aprender, entender… qual a diferença?

Quando aprendemos conteúdos novos, absorvemos o que a pessoa que está nos ensinando entende sobre aquele conteúdo específico, o ponto de vista daquela pessoa.

No momento em que começamos a pensar melhor sobre o que nos ensinaram, fazemos conexões mentais, trocamos ideias com outras pessoas, passamos a expandir o pensamento sobre o que aprendemos e muitas vezes chegamos a conclusões bem diferentes do que o ensinamento original. Você raciocina, tem insights e passa ter opinião própria.

E raciocinar, pensar, meditar requer TEMPO.

Tempo esse que muitas vezes, a maioria das pessoas só consegue ter depois que se aposenta ou conquista uma tranquilidade financeira na vida, quando já não precisa mais correr contra o tempo para cumprir os compromissos da agenda.

Quando temos mais tempo, quando nos livramos das tantas pressões que a carreira profissional regular nos impõe, começamos a entender as coisas de uma forma um pouco diferente da que aprendemos com os tantos professores que tivemos pela vida a fora. E professor pode ser o pai, a mãe, o tio, o amigo, o primo mais velho…

É um exercício muito gostoso e libertador poder analisar pontos de vista. Os nossos e também aqueles que absorvemos dos outros, seja através de cursos, leituras de livros, filmes, peças de teatro, conversas ou do livre pensar e criar o nosso olhar sobre o tema em questão.

Quando meu pai me pediu que eu fosse cursar Química ou Engenharia Industrial em vez de Medicina que era o meu sonho, o ponto de vista dele era que se eu escolhesse uma das áreas que estava me sugerindo, seria mais interessante para mim e para a longevidade dos negócios da família.

Eu o ouvi, fiz o que me pediu, me formei, assumi a direção dos negócios e estou no comando até os dias de hoje, mas isso não impediu que eu refletisse sobre o tema no decorrer dos anos e chegasse a minha conclusão: talvez eu tivesse sido um médico muito melhor do que fui como administrador industrial, porque essa era a minha vocação, salvar vidas.

Mas na vida real, enquanto queria ser médico, aprendi a fazer chapéu; depois continuei querendo ser médico e aprendi a mexer com máquinas de costura; continuei querendo ser médico e tive que aprender a fazer papel, depois virei fazendeiro e aprendi tudo sobre criação de gado Guzerá, e com isso acabei gerando muitos empregos e ajudando muitas pessoas a crescer em suas escolhas profissionais. Assim é a vida!

Olhando para trás, entendo que atendi ao meu pai mais por obediência do que por gosto, mas aprendi tantas coisas interessantes, conquistei inúmeras vitórias das quais sinto o maior orgulho ! E isso é o que vale na vida. Aprender sempre, analisar os aprendizados, entender o que fazer com eles e transformá-los em ação.

Por isso que eu fiz esse blog! Para compartilhar esses aprendizados!

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