Reciclar é muito bom

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Todos os dias acordamos e respiramos de graça e nem agradecemos por isso e tem gente que além de não agradecer, ainda estraga o ar.

O ar precisa ser e estar puro até porque, não sei se vocês sabem, mais de 80% das impurezas e toxinas presentes no corpo podem ser eliminadas por meio da respiração. E quando respiramos, inspiramos o quê? Ar!

Eu penso muito nisso por que desde quando eu comecei a trabalhar, há 60 anos, lá na Ramenzoni Chapéus, já se falava muito em ecologia, preservação da natureza e reciclagem.

Antes disso, na realidade, ninguém falava em ecologia, era uma coisa assim razoavelmente desconhecida, um conceito pouco usado.

E eu pensava, ecologia precisa vir em primeiro lugar.

Na minha casa era tema recorrente porque queríamos que os nossos filhos tivessem essa conscientização. E fluiu tão bem que um dos meus filhos, o Claudio, criou uma empresa chamada Papel Ecológico.

Esse respeito pela natureza, pela ecologia andou junto de mim desde os primeiros passos, na casa do meu pai. Ele era muito cuidadoso com isso e minha mãe também. Na chácara da família, se uma planta fosse tirada, outras duas precisariam ser plantadas.

Aos 12 anos, eu estava na Itália em viagem de férias com a minha mãe e meu irmão Lamberto e presenciei um telefonema do meu pai para o meu tio Ibsen dizendo que havia comprado uma fábrica de papelão falida.

Nesse mesmo telefonema, meu pai contou que recebera uma informação dos fornecedores da fábrica de chapéus Ramenzoni de que não iriam mais fabricar o papelão para as caixas dos chapéus por que deixara de ser economicamente viável, por isso passariam a fabricar papéis mais leves.

Meu tio não gostou nada da ideia, repreendeu o meu pai perguntando se ele estava ficando maluco de comprar uma fábrica de papel e meu pai, que era mais jovem e com seu ímpeto empreendedor, disse que tinha comprado sim e que se meu tio não quisesse entrar na sociedade, ele assumiria sozinho, porque era algo útil e promissor.

Na cabeça do meu pai, esta pequena fábrica recém adquirida seria suficiente para fabricar a matéria-prima necessária para fazer a embalagem do chapéu e essa era a grande prioridade daquele momento.

Quando eu retornei ao Brasil, estava curioso para conhecer a fábrica que o meu pai tinha comprado e a partir daí eu e meu pai conversávamos muito sobre reciclagem, porque a nova fábrica usava o papel velho para fabricar a embalagem nova dos chapéus.

A partir daí eu me apaixonei por esse tema, comecei a pesquisar mais e em 1958, quando fui estudar nos Estados Unidos, reciclar já estava em evidência e existia a coleta seletiva de lixo onde eu morava, em Nova York, na ilha de Manhattan. 

Eu ficava maravilhado observando as pessoas colocarem separadamente o lixo em compartimentos para papel, vidro, plástico e metais, porque tinha muito produto vendido em lata naquela época.

Quando eu retornei para o Brasil, comecei a trabalhar na fábrica de chapéus e confecções Ramenzoni que era separada da Papirus e nós conversávamos bastante sobre a importância de reciclar.

Eu contava sobre a fábrica que havia visitado nos Estados Unidos que separava o lixo em fibras, metais ferrosos e não ferrosos, o vidro por cor, o plástico e ao mesmo tempo cuidavam da higienização para que fossem transformados nas matérias-primas que seriam vendidas.  

Quanto ao lixo misturado, ele era colocado dentro de um liquidificador enorme que fazia a higienização e transformava em matéria-prima para ser utilizada em novos produtos.

Meus olhos brilhavam tanto, que tentei vender a ideia desse tipo de fábrica para alguns órgãos governamentais, mas não obtive sucesso.

Então o que eu fiz? Eu trouxe um sistema muito parecido com esse para a nossa fábrica de papel e hoje está aí a Papirus continuando o seu papel de empresa recicladora.

No final dos anos 90, eu comprei uma fazenda porque eu queria viver uma vida mais tranquila, em meio a natureza e também queria criar uma fazenda modelo de criação de gado.

Pois bem. O que eu encontrei nesta fazenda?

7 lagos! (Sei que esse é um número de mentiroso, mas nesse caso era a mais pura e cristalina verdade!)

As nascentes dessas represas eram todas dentro da fazenda, só que, depois de um ano, eu percebi que uma delas estava quase seca. E eu pensei “agora preciso tomar conta disso.”

Saí em busca de informações úteis nas nossas cooperativas locais, pesquisei o que deveria fazer e aprendi que as nascentes desses riachos precisariam ser cercadas por plantações específicas para essa finalidade.

E eu queria muito resolver isso logo porque a represa não podia secar e ao mesmo tempo, sabia que não ia resolver esse problema de um dia para o outro.

Para resumir, em 10 anos eu plantei 50.000 árvores.

Cidinha ficava atônita, “mas você não para de plantar!” – no que eu respondia “não, eu preciso plantar cada vez mais para preservar as nascentes e cercá-las com arame farpado.”

Eu queria fazer a minha parte!

Não só na reciclagem, mas na preservação do meio ambiente, na ecologia de uma maneira geral, que é uma ação contínua que eu sempre me dediquei fazendo o que estivesse ao meu alcance.

Teve uma época que diziam que o gado emitia CO2 e eu retrucava que todo aquele verde que eu plantava absorvia o CO2.

Então hoje, quando eu chego na Papirus, eu fico muito orgulhoso de ver uma fábrica que defende a reciclagem e que produz produtos cujas matérias-primas são aparas.

Aparas pré-consumo, que são as sobras dos cortes-vincos que foram impressos e vão se transformar nas embalagens finais para o consumidor. Essa apara, que não sai da gráfica ou cartonagem, vai gerar um novo papel para consumo de novas embalagens.

Aparas pós-consumo, que são aquelas das embalagens que já foram usadas e descartadas no lixo. Essas dão mais trabalho porque chegam com restos residuais de uso e precisam ser tratadas para serem reutilizadas e transformadas em papel novamente.

Esse processo contribui cada vez mais para um mundo melhor e menos poluído; e nós precisamos e merecemos isso.

Para encerrar, eu gostaria de fazer um pedido a todos que estiverem lendo esse texto: façam a sua parte!

E sabe por onde podem começar a fazer uma grande coisa, simples e fácil? Basta separar o lixo úmido do lixo seco.

Essa ação já vai evitar a contaminação do lixo seco pelo lixo úmido, será uma primeira e grandiosa contribuição para cuidar melhor da sua casa, do seu bairro e por tabela do nosso planeta.

É isso aí!

Até a próxima!

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