Respeito é bom, eu gosto e quem não gosta?

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Quero começar 2022 com uma reflexão sobre a importância do respeito aos mais velhos, os que já fizeram as tantas descobertas que ajudaram a formatar o mundo que temos hoje, afinal, tudo que passou no teste do tempo é superior ao que ficou pelo meio do caminho, não é verdade?

Lembro que quando era menino novo, ficava indignado de ter que perder tanto tempo estudando História da Antiguidade porque isso diminuía o meu tempo de brincar. Com o tempo fui aprendendo que precisamos saber de onde viemos para entender o que estamos fazendo aqui.

E a medida que fui amadurecendo esse aprendizado, comecei a perceber que todas as histórias contadas pelas pessoas mais maduras só faziam acrescentar mais conhecimento sobre a vida.

Na verdade, a gente começa a receber esse aprendizado dos mais experientes no momento que nascemos, quando com apenas algumas horas de vida, somos acolhidos com as primeiras manifestações de carinho que recebemos dos nossos pais, avós, irmãos, tios e padrinhos. (Ah, como eu adorava o meu dindo Mino Salvi, que tocava piano divinamente, era diretor do Banco Ítalo Brasileiro aqui em São Paulo e me ensinou tudo sobre como me vestir com elegância, simplicidade e jamais colocar meia clara com roupa escura.)

Na minha adolescência, meu pai recebia muitos amigos em casa e eles conversavam sobre o que liam nos jornais italianos, franceses, ingleses e iam comentando as notícias que, segundo o meu pai, eram sempre as mesmas, mas se tornavam um bom motivo para que os amigos se reunissem nos finais de semana para cada um contar o que sabia das novidades que estavam acontecendo pelo mundo. E eu, que não era bobo, ficava lá ouvindo, fazia perguntas, queria saber um pouco de tudo e isso contribuiu consideravelmente para a minha evolução pessoal e profissional.

E sabe o que vai acontecendo com a gente com o passar do tempo?

Vamos buscando todas essas informações dentro da gente. Seguimos lapidando as nossas vivências e nos tornamos aptos a transferir o conhecimento para as novas gerações.

Só que, o curioso é que tenho observado que os jovens da atualidade não apreciam mais o conhecimento dos mais velhos, porque acham que sabem tudo e aquilo que não sabem, recorrem ao Google e está tudo resolvido.

Como bem dizia o filósofo alemão Arthur Schopenhauer “a cada trinta anos, desponta no mundo uma nova geração, pessoas que não sabem nada e agora devoram os resultados do saber humano acumulado durante milênios, de modo sumário e apressado, depois querem ser mais espertas do que todo o passado.”

E o pior de tudo é que eles não têm paciência com a dificuldade (e até certa resistência!) que as pessoas mais velhas costumam ter com tecnologia moderna, principalmente o uso de computadores, smartphones, tablets e os inúmeros aplicativos que precisamos aprender rapidamente para podermos nos comunicar com agilidade.
(Entendo que o certo seria que eles buscassem formas atrativas de ensiná-los a usar os principais benefícios desta nova fase em que o mundo vive de constantes transformações.)

Sempre gosto de frisar com os mais jovens para que percam um tempinho e prestem mais atenção à opinião das pessoas com mais quilometragem rodada, pois elas têm experiência comprovada e tiveram tempo para aprender muitas coisas ao longo da vida.

Aquilo que, às vezes, pode parecer uma “bobagem” à primeira vista ou ouvida, na verdade, pode ser uma pérola valiosa, porque as pessoas mais experientes, que valorizam suas histórias de vida, aprenderam com base nos acertos e principalmente nos erros, dessa forma, podem contribuir para que os mais jovens possam evitar inúmeras confusões desnecessárias.

A expectativa de vida aumentou muito nos últimos anos e todos vamos envelhecer, por isso tanto quanto qualidade de vida, respeito é bom.

Dos 210 milhões brasileiros, 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. Os dados são de 2021 e fazem parte de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que traz também outras estatísticas: 18,5% dessa população ainda trabalha, 75% dela contribuem para a renda de onde moram e em 2030 o número de pessoas com 60 anos ou mais será superior ao grupo de crianças com até 14 anos.

Então fica a dica: que o respeito e valorização dos mais velhos vire moda nesse 2022 porque as relações entre jovens e idosos trazem diversos benefícios para ambos. Para o idoso, esse laço eleva a autoestima afastando-o do isolamento, depressão e proporciona um sentimento de utilidade. Já para os jovens, diminui o risco de violência e agressividade e fortalece princípios de respeito, empatia e gratidão.

Para encerrar, deixo um pensamento de Afonso X, um monarca espanhol que morreu nos idos de 1284, mas continua atualíssimo!

“Queime lenha velha, porque tem menos água.
Leia livros antigos.
Beba vinho envelhecido e mantenha velhos amigos.”

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