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Cultivar a paciência não é um exercício simples para maioria das pessoas, principalmente quando elas se deparam com situações indesejadas ou não planejadas. Mas, apesar de parecer difícil, cultivar a paciência é aprender sobre si mesmo, sobre o outro e sobre as experiências da vida.
O impaciente costuma exigir e esperar demais da vida e dos outros. É exatamente por isso que chega ao seu limite mais rápido e se decepciona mais facilmente.
Então, para quem anda sem paciência, vou contar uma história que comprova que quem se rende à paciência tem melhores resultados.
Desde que começou a pandemia, o grupo de motociclistas que participo deu uma pausa nas viagens por motivos óbvios e eu, além de me prevenir da Covid, ainda tive que fazer duas cirurgias, coluna e quadril, conforme já contei em detalhes em postagens anteriores.
Confesso que o que mais me motivou a encarar essas cirurgias foi a possibilidade de voltar a viajar de moto por aí com os meus amigos de tantos anos. Sabia que não seria fácil, que teria que ter muita PACIÊNCIA, que precisaria fazer várias tentativas (como se fosse aprender a andar de moto outra vez), um passo de cada vez, mas que valeria a pena. Quando a pandemia acalmasse, eu já estaria novinho em folha e realizaria meu sonho.
Pois bem, depois de quase dois anos, meu amigo César planejou uma viagem para o sítio de propriedade da sua família, em Porto Feliz, a 120km da capital. O imóvel tem excelente infraestrutura para receber pessoas pois foi projetado para a realização de grandes eventos.
A proposta era juntar um pequeno grupo, se encontrar na sexta-feira, no Posto Lago Azul, que fica localizado na rodovia dos Bandeirantes, almoçarmos no Clube de Golf perto de Jundiaí e depois seguirmos direto para o sítio, onde passaríamos a noite. No sábado, curtiríamos o dia passeando de moto pelas redondezas e retornaríamos para São Paulo na manhã de domingo.
Assim fizemos. Eu com a minha Harley Davidson, César Andrade, Mário Foschi e Jorge Brant nas suas respectivas BMW’s GS.
A noite de sexta foi bem divertida, pinga vai, pinga vem. Demos muitas e boas risadas.
No sábado se juntou ao grupo o cirurgião dentista João Júnior, amigo do César, que também chegou de BMW GS e muito animado para rodar pela região.
O dia estava ensolarado, temperatura agradável e fizemos um passeio que deve ter contabilizado uns 300 km, em uma estrada bem esburacada, que fiquei receoso de quebrar a minha moto, mas que no final deu tudo certo. (Com a minha promessa de que na próxima vez irei com a minha moto GS e vou escolher um caminho pior ainda só para me vingar, kkkk.)
O roteiro foi Porto Feliz, Botucatu, Pardinho, Porto Feliz. No meio do caminho paramos em um bar em Pardinho, que só vendia sucos, não tinha nada de bebida alcoólica. Pedimos uma limonada para fingir que era caipirinha, comemos pão de queijo e curtimos do mesmo jeito.
No caminho entre Pardinho e Porto Feliz, passamos por Bofete, onde encontramos uma estrada péssima, cheia de buracos, mas a alegria de andar de moto era tão grande que nem me importei.
De volta à Porto Feliz, paramos para comprar os ingredientes para o almoço. Cinco motociclistas vestidos a caráter comprando carnes, verduras e frutas para a tão sonhada caipirinha. Felizes da vida, sem hora para nada, sem regras a serem seguidas. Alma lavada e coração leve.
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O churrasco começou por volta das 4 horas da tarde, com drinques no ponto certo, cervejinhas geladas e foi até por volta das 10 da noite. Meu amigo César desempenhou muito bem o seu papel de chefe de cozinha e churrasqueiro oficial da turma.
A conversa seguiu animada até pela madrugada, fomos dormir com aquela sensação de dever cumprido e no dia seguinte cheguei a tempo de almoçar com a minha amada Cidinha, que me recebeu, como sempre, com sorriso aberto e comidinhas deliciosas à mesa.
Constatei que estou perfeitamente em ordem para fazer outras viagens e neste último final de semana, realizei o teste dos testes, que esperei com tanta paciência até chegar o momento certo: finalmente liguei a minha BMW GS estalando de nova e rodei 200km pelas estradas vicinais de Guararema, confiante de que estava no controle da situação.
Claro que em algumas posições ainda sinto um certo desconforto, algumas pontadas de dor. Normal! Mas estou satisfeito com a minha recuperação, que foi um pouco lenta para o meu ritmo acelerado, porém me trouxe de volta a possibilidade de fazer uma das coisas que mais amo na vida: pegar a minha moto e sair por aí, sem restrições físicas para pilotá-la com equilíbrio, e, melhor dos mundos, na companhia dos meus amigos. Valeu!
Benjamin Franklin, há algum tempo disse que “aquele que tiver paciência terá o que deseja.” E eu reforço: ser paciente aumenta exponencialmente as possibilidades de sucesso na vida e de realizarmos todos os nossos sonhos, até àqueles, muitas vezes considerados impossíveis. Só precisa ter paciência para esperar o momento oportuno e respeitar algumas possíveis limitações que chegam com o avançar da idade.