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Fiz essa pergunta para uma Inteligência Artificial e a resposta foi a seguinte: “se eu fosse humano e quisesse viver até os 120 anos com qualidade, saúde e lucidez, eu faria uma combinação de estratégias que envolvem o corpo, a mente, as emoções e o espírito. Gostaria de um plano prático e realista?”
Confesso que fiquei curioso com a resposta. Afinal, aos 86 anos, já passei da expectativa de vida média do brasileiro, que gira em torno dos 76 anos. Mas será que essa “máquina” sabe do que está falando? Achei interessante solicitar o tal plano prático e realista para poder comparar cada ponto com a minha própria experiência de vida.
Como a IA sugeriu um plano com 8 itens, vou deixar o meu comentário em itálico após cada item e no final fazer a minha conclusão.
1. Mente ativa e curiosa
- Estudar coisas novas sempre: línguas, instrumentos, filosofia, neurociência, arte.
- Estimular o cérebro com leitura, escrita e boas conversas.
- Evitar zonas de conforto mentais e emocionais.
Eu sempre me mantive estudando os sistemas novos, desde os tempos das camisas Ban-tan, quando eu era jovem, meu pai inventou de fabricar confecções… e eu aprendi. Posso dizer que até aprendi a tocar violino e participei das aulas de canto orfeônico. Minha vida tem sido um eterno aprendizado, inclusive em boas maneiras com a famosa Madame Leitão, que ensinava a dançar. Como eu costumo dizer aos meus amigos, “desde a música, a dança, eu aprendia praticamente a fazer tudo na nossa família”.
Sobre evitar zonas de conforto, sou bem enfático. A gente aprende todo dia quando você tem um bom relacionamento com pessoas diversas. De todos os jeitos, de todas as ideologias… Você precisa aceitar também as coisas que você não gosta. É bom para discutir, né? Para trocar ideias. Para mim, não existe essa tal de “preguiça mental e emocional”, que faz as pessoas se acomodarem em um diagnóstico ou problema de saúde, virando coitadinho. Seja o que for que nos aconteça, precisamos reagir, insistir pelo resultado que queremos obter, mesmo que isso signifique ter que abrir mão de ficar nos Estados Unidos em uma viagem de moto com os amigos e voltar às pressas para o Brasil para tratar uma diverticulite séria, como aconteceu comigo em 2003.
2. Alimentação antienvelhecimento
- Dieta orgânica e com jejum intermitente leve.
- Ricos em fibras, antioxidantes e gorduras boas: cúrcuma, frutas vermelhas, linhaça, azeite, abacate, nozes, vegetais amargos.
- Pouco ou nada de ultraprocessados, álcool e açúcar.
- Água pura em abundância, sempre em recipientes sem plástico.
Eu sigo à risca o pouco ou nada de ultraprocessados. Sobre o álcool, tenho uma filosofia bem particular, que chamo de sistema italiano: “Pouco e sempre!” Os italianos ensinam isso desde pequenos – dão até pãozinho molhado no vinho para as crianças. Não é para embebedar ninguém, mas para criar uma relação saudável com o álcool. Nada de exageros, nada de abstinência total. O segredo está no meio-termo. É o equilíbrio que conta.
Quanto aos alimentos, gosto de abacate (como uma ou duas vezes por semana, enquanto a minha biógrafa come todo dia!), kiwi e mirtilo (ótimos antioxidantes). E sim, gosto de doces, mas controlo o açúcar rigorosamente. Se ele aumenta, não como chocolate de jeito nenhum, e olha que eu adoro.
Também tomo suplementos há mais de 40 anos. Um deles se chama Centrum Homem50+ e quem me ensinou sobre ele foi a minha tia Stela, que jogou golfe até os 99 anos e viveu até os 100. Recentemente, incorporei o caldo de ossos em minha dieta.
3. Gestão do estresse e cultivo interior
- Meditação diária.
- Natureza como prioridade semanal.
- Terapias regulares (convencionais e integrativas).
- Rituais e espiritualidade que tragam sentido de conexão com algo maior.
Para mim, a meditação e o contato com a natureza, são sinônimos das minhas andadas de motocicleta. Já as terapias regulares ficam por conta da pesquisa e escrita desse blog, do contato com os amigos e dos rituais familiares, que eu adoro.
4. Movimento diário
- Andar muito. Subir escadas. Trabalhar de pé sempre que possível.
- Pilates, tai chi ou yoga para mobilidade e energia vital.
- Exercício funcional ou musculação leve até idades avançadas (manter massa magra é vital!).
Eu ando muito e subo escada na minha casa que tem 3 andares. Além disso, faço pilates duas vezes por semana e sou fã da minha professora Juliana e da minha fisioterapeuta Tatiana. A caminhada também faz parte da minha rotina sempre que possível.
5. Laços afetivos e comunidade
- Relações profundas, autênticas e com afeto.
- Convivência intergeracional.
- *Sentir-se útil e parte de algo: causas, grupos, projetos.
Sobre relações profundas, não preciso dizer que eu tenho uma família que eu me orgulho e adoro estar na companhia da Cidinha, dos meus filhos, netos, noras, irmãos e cia limitada. Me considero uma pessoa que trata bem a todos e tenho amizades com afeto. Sobre a convivência intergeracional, eu curto bastante estar com pessoas mais jovens. Quando eu era jovem, eu adorava ficar com pessoas mais velhas. Hoje eu aprendo mais com os jovens do que com os da minha idade.
Sempre pertenci a grupos: motociclistas, criadores de gado, pessoal da indústria papeleira. E posso garantir: quem se isola, envelhece mais rápido. Já vi colegas que aos 70 anos “decretaram” que estavam velhos e se trancaram em casa. Alguns não duraram muito tempo assim.
6. Sono profundo e rotina biológica
- Dormir cedo e bem, com hábitos circadianos naturais (exposição à luz do sol e escuridão à noite).
- Evitar telas azuis antes de dormir.
- Ritual de descanso como sagrado.
Nesse último ano, voltei a dormir 8 horas de sono e faço questão de destacar a melhora em meu sono depois que realizei um exame que detectou que o meu sono era interrompido cerca de 800 vezes por noite. Com esse diagnóstico, comecei a usar um aparelho chamado CPAP para apneia do sono. Minha adaptabilidade desde a primeira noite de uso surpreendeu a todos e sabem por quê? Entendi que o benefício seria bem maior que o incômodo.
7. Acompanhamento médico inteligente
- Check-ups regulares com foco em prevenção e não só tratamento.
- Medicina funcional, integrativa e genética personalizada.
- Microdoses de hormônios bioidênticos se necessário.
- Monitorar marcadores inflamatórios, intestinais e de longevidade.
Aos 86 anos, eu reforço a importância de ir ao médico ao sentir qualquer coisa. Minha experiência com a diverticulite (que quase me levou à óbito nos EUA) me ensinou a não brincar com a saúde. Quando sinto qualquer coisa, não hesito e procuro um médico. Porque, sabe, às vezes a gente diz, “ah, deixa para lá. Não é coisa grave, né?” Mas com a idade, a gente não pode brincar com esses pensamentos, não.
Eu me consulto há anos com meu médico, Dr. Chico, que receita suplementos e ajuda a manter a pressão e o açúcar no sangue em ordem.
8. Propósito
- Ter uma razão para viver todos os dias.
- Cultivar a alegria de estar vivo. Rir. Criar. Contribuir.
- Aceitar a passagem do tempo com leveza e beleza.
Para você ter vontade de ser alegre, você tem que ter uma razão. A razão de viver é você viver. Eu valorizo o riso: o riso, para mim, é a coisa mais importante. Porque isso te dá alegria. Hoje em dia, tem muitas coisas engraçadas na internet. E eu dou risada sozinho.
A aceitação da passagem do tempo e o propósito são evidentes em meus planos de chegar aos 120 anos. Eu quero continuar ativo nos projetos da Papirus, cuidar cada vez mais de mim, né? Passear de motocicleta, ficar bastante com a Cidinha, ficar bastante com meus filhos e netos. Além de ginástica e caminhada, quero ler muito ainda! Meu objetivo é bem claro: continuar a vida cheio de vida.
E para concluir, viver até os 120 anos não é apenas uma questão de durar, mas sim aproveitar a vida até o fim, com presença, sentido e amor. Sei que a fase dos 80 aos 90 anos é muito decisiva, é quando o corpo e a mente mais precisam da nossa atenção e cuidado.
Para mim, esta é a prova viva de que, com disciplina, paixão e um bom senso de humor, alcançar uma vida plena e longa é mais do que possível. É uma realidade que devemos construir a cada dia, sempre lembrando que a idade é apenas um número – o que realmente importa é a chama que mantemos acesa dentro de nós.
E quanto à pergunta do título dessa postagem, a resposta é: PERFEITAMENTE POSSÍVEL!