Não tente encurtar o tempo

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Para encontrar um bom caminho para as questões empresariais (e pessoais também!) mais complexas, eu nunca aceitei resolver nada em cima do joelho.

(Só para explicar aos mais jovens, muitas vezes tão afoitos para resolver rapidamente tudo o que aparece pela frente, essa é uma expressão bem antiga no mundo dos negócios, mas ainda muito utilizada nos dias de hoje, que significa resolução imperfeita ou incompleta, feita com pouca qualidade ou às pressas.)

Seria mais ou menos a mesma coisa de ir ao médico, ser diagnosticado e sair correndo para a farmácia comprar os remédios para sarar rapidinho. Oras, em um tratamento de 15 dias, adianta alguma coisa tomar rapidamente a primeira dose para acelerar um processo que precisa de um tempo mais longo de maturação?

Toda decisão corporativa, seja ela comercial, industrial ou de prestação de serviços, precisa ser bem pensada porque estamos suscetíveis de errar muito facilmente. Precisa pensar, analisar pontos fortes, pontos fracos, ter calma, ser comedido, avaliar se vale a pena ou não.

Precisa do devido tempo para analisar todos os pontos necessários, sem encurtamentos desnecessários.

Não que a decisão mais pensada não dê errado, pode acontecer, mas tem menos possibilidade de ocorrer; porque temos a chance de consultar especialistas e resolver, sejam eles problemas de máquinas industriais, de processos comerciais, de aquisições de bens, modificações de estratégias, cruzamentos de raças bovinas, problemas de irrigação em agronegócios ou investimentos de grande risco.

A pressa não é inimiga da perfeição, como dizem, até porque perfeição não existe, mas é inimiga da coisa boa, bem-feita.

Quanto mais nos dedicamos a aprimorar um projeto antes de iniciar a sua implantação, seja ele de que segmento for, o percentual de sucesso será mais alto e garantido.

No passado e também no presente, fui e sou alvo de muitas críticas por que em determinadas situações que aparentemente requerem rapidez de decisão, depois de ouvir atentamente eu tenha o hábito de dizer “eu vou pensar…”.

Faço isso porque quando jovem, lá no começo da minha vida profissional, eu também era apressadinho, eu queria resolver o problema na hora que ele surgia, mas tive o privilégio de poder contar com mentores maravilhosos que diziam:

_ Dante, para! Calma! Vamos pensar um pouco, ver quais são as vantagens e desvantagens dessa tomada de decisão. Não tem que resolver nada em 24 horas porque o efeito não virá em 24 horas.

E mesmo eu já podendo tomar a decisão, por ser o diretor presidente da companhia, eu parava para avaliar, porque sempre valorizei muito a opinião das pessoas mais vividas ou mais jovens do que eu que ampliassem o meu conhecimento, inovassem as minhas ideias, mesmo que ocupassem cargos subordinados a mim.

Vou exemplificar com um fato real que aconteceu na Papirus, quando precisávamos fazer uma operação muito grande no maquinário da fábrica e eu em 15 dias já estava pronto para resolver, mas me convenceram de que eu deveria avaliar melhor as opções apresentadas e essa decisão acabou sendo tomada 6 meses depois do que eu pretendia.

A demora se deveu ao fato de ter decidido visitar fábricas nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Suécia, na Itália e no Chile para entrevistar os próprios usuários das novas máquinas que pretendíamos instalar. Resultado: mudamos bastante o nosso posicionamento inicial a partir do que vimos nessas viagens e eu teria feito uma grande besteira se não tivesse ouvido os aconselhamentos que recebi da minha equipe de trabalho.

Optamos por novos equipamentos completamente diferentes do planejado, bem mais eficientes apesar do custo do investimento requerido ter sido bem mais elevado do que pretendíamos gastar, só que obtivemos resultados que suplantaram todas as nossas expectativas e em curto prazo.

Para vocês terem ideia, hoje, 30 anos depois dessa modificação que fizemos na fábrica, ela continua moderna.

Esse e tantos outros episódios que aconteceram na minha vida, me ensinaram a domar a minha ansiedade e ajudaram na compreensão de que, às vezes, precisamos demorar um pouco mais para resolver um problema, para que possamos obter resultados mais compensadores.

Hoje eu não tenho mais pressa de resolver nada e deixo pra você que está lendo esse texto uma mensagem para pensar com calma: não tente encurtar o tempo.

Em alguns momentos é fácil identificar e lidar com as questões que se apresentam na nossa vida. Mas em outros casos, a decisão pode ser bastante complexa e quando isso acontecer, não tenha receio de dizer “vou pensar” e faça uma investigação minuciosa, converse com pessoas que possam te ajudar nessa identificação, procure esgotar todas as suas dúvidas dentro dos quesitos considerados relevantes para a tomada de decisão. Não deixe qualquer questão aberta!

Caso esteja sendo pressionado internamente ou por agentes externos, seja claro e diga para si mesmo, ou para quem quer que seja, que precisa de mais tempo. Nestes casos o tempo pode ser um importante aliado para a busca de mais informações.

Para se chegar a determinado resultado podem existir vários caminhos. O fato de não se optar por aquele caminho que está sendo apresentado pode ser a decisão mais acertada do momento.

É isso aí!

Agora quero ouvir você!

Conte no espaço de comentários ou poste no face se já precisou de mais tempo para tomar alguma decisão importante e como lidou com isso.

Compartilhar experiências é importante e eu fico sempre muito feliz com a participação de todos aqui no blog.

 

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